Ortofrenia
Aclamações
dentro do edifĂcio inexpugnável
aclamações
por já termos chapéu para a solidão
aclamações
por sabermos estar vivos na geleira
aclamações
por ardermos mansinho junto ao mar
aclamações
porque cessou enfim o ruĂdo da noite a secreta alegria por escadas
de caracol
aclamações
porque uma coisa é certa: ninguém nos ouve
aclamações
porque outra é indubitável: não se ouve ninguém
Poemas sobre Ninguém de Mário Cesariny
2 resultadosde profundis amamus
Ontem
Ă s onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própriaAndámos
dez quilĂłmetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
Ă© da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteirosOlha
como sĂł tu sabes olhar
a rua os costumesO PĂşblico
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nissoNĂŁo faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas nĂŁo te importes
nĂŁo te importes
muito
nĂłs sĂł temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponĂvel
maravilhados maravilhosos Ăşnicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso