de profundis amamus

Ontem
Ă s onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza prĂłpria

Andámos
dez quilĂłmetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
Ă© da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros

Olha
como sĂł tu sabes olhar
a rua os costumes

O PĂşblico
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nisso

NĂŁo faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas nĂŁo te importes
nĂŁo te importes
muito
nĂłs sĂł temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos Ăşnicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso