Poemas sobre Ouro de Ant贸nio Gomes Leal

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Poemas de ouro de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Idylio d’Aldeia

N茫o sei que ha que me impelle
Para o teu escuro olhar!…
脡 mais branca a tua pelle,
Do que o linho de fiar!

脡 tua boca um bot茫o,
E o teu riso a lua nova; –
Quem me dera ter na cova
Os ais do teu cora莽茫o!

Mal podes saber o gosto
Que tive da vez primeira
Que te avistei, ao sol posto,
Debaixo d’esta amoreira!

Desde esse dia, andorinha!
Desde essa tarde infeliz,
Fiquei preso da covinha
Que fazes quando te ris!

N茫o sei que ha que me impelle
Para o teu escuro olhar!…
脡 mais branca a tua pelle
Do que o linho de fiar!

A minha alma n茫o descan莽a; –
Morra o sol, ou surja a aurora,
S贸 tu me lembras crean莽a
De cabellos c么r d’amora!

A tua doce ignorancia
T茫o cheia de singelesas…
Faz todas as almas presas
Como as perguntas da infancia!

Tu 茅s como um pomo d’ouro,
E o vivo sol que me alegras;
– Amo mais teu rir sonoro
Do que a voz das toutinegras!…

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A Ultima Serenada do Diabo

No tempo em que elle, nas lendas,
Era amante e cortez茫o,
Jogava, e tinha contendas,
Cantava assim em Mil茫o:

……………………………………
……………………………………
……………………………………

脫 flores meigas, 贸 Bellas!
Para prender os toucados,
Eu dar-vos-hia as estrellas:
– Os alfinetes dourados!

S贸 pelo amor quebro lan莽as! –
A Rainha de Navarra
Enleou um dia as tran莽as
No bra莽o d’esta guitarra!

Sou um heroe perseguido!…
Mas inda ha luz nos meus rastros;
A lan莽a que me ha ferido
Foi feita do ouro dos astros!

Mas um dia, 贸 bem amadas!
Eu tornaria 谩s alturas…
Subindo pelas escadas
Das vossas tran莽as escuras!

O amor que em meu peito cabe
N茫o conta diques, 贸 bellas!
S贸 minha guitarra o sabe,
E aquellas velhas estrellas!

脫 batalhas amorosas!
– Era d’aventuras cheia!
脫 brancas noutes saudosas
Que eu andei pela Judea!

脫 flores apetecidas!
Livros escriptos com beijos!
脫 brancas aves fugidas
Dos jardins dos meus desejos!

N茫o me deixeis no abandono
脫 tristes olhos leaes!

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Tristissima

N’um paiz longe, secreto,
Lendaria ilha affastada,
Jaz todo o dia sentada
N’um throno de marmor preto.

No seu palacio esculpido
N茫o entram constella莽玫es;
Os tectos dos seus sall玫es
S茫o todos d’ouro polido!

Nas largas escadarias
Sobem vassallos ao cento,
De noute sulu莽a o vento
N’aquellas tape莽arias.

E pelas largas janellas
Fechadas, sempre corridas,
Ha flores desconhecidas
Que n茫o olham as estrellas.

Na dextra segura um calix,
– Calix da D么r e da Magoa!
Onde est谩 contida a agoa
E o sangue dos nossos males!

Pelas florestas sosinhas
Escuras, sem rouxinoes,
Erram chorando os Heroes,
E as desgra莽adas Rainhas.

Seguida, 谩 noute, de servas,
Caminha, em cortejo mudo,
Rojando o negro velludo
De seu cabello nas hervas.

S贸mente ao vel-a passar
Ficam as almas surprezas;
– Ha todo um mar de tristezas
No abismo do seu olhar!