Poemas sobre Pedras de Tomas Tranströmer

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Poemas de pedras de Tomas Tranströmer. Leia este e outros poemas de Tomas Tranströmer em Poetris.

Novembro

Quando o esbirro se aborrece, torna-se perigoso.
O céu constrói-se, em chamas.
Sinais de pancadas ouvem-se de cela em cela.
E do solo, coberto de neve, o espaço jorra.
Algumas pedras brilham como luas cheias.

TraducĂŁo de LuĂ­s Costa

Funchal

O restaurante do peixe na praia, uma simples barraca, construída por náufragos.

Muitos, chegados à porta, voltam para trás, mas não assim as rajadas de vento do mar. Uma sombra encontra-se num cubículo fumarento e assa dois peixes, segundo uma antiga receita da Atlântida, pequenas explosões de alho.

O Ăłleo flui sobre as rodelas do tomate. Cada dentada diz que o oceano nos quer bem, um zunido das profundezas.

Ela e eu: olhamos um para o outro. Assim como se trepássemos as agrestes colinas floridas, sem qualquer cansaço. Encontramo-nos do lado dos animais, bem-vindos, não envelhecemos. Mas já suportámos tantas coisas juntos, lembramo-nos disso, horas em que também de pouco ou nada servíamos ( por exemplo, quando esperávamos na bicha para doar o sangue saudável – ele tinha prescrito uma transfusão). Acontecimentos, que nos podiam ter separado, se não nos tivéssemos unido, e acontecimentos que, lado a lado, esquecemos – mas eles não nos esqueceram!

Eles tornaram-se pedras, pedras claras e escuras, pedras de um mosaico desordenado.

E agora aconteceu: os cacos voam todos na mesma direcção, o mosaico nasce.

Ele espera por nĂłs. Do cimo da parede,

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