Poemas sobre RazĂŁo de Ricardo Reis

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Inutilmente Parecemos Grandes

O mar jaz; gemem em segredo os ventos
Em Eolo cativos;
SĂł com as pontas do tridente as vastas
Águas franze Netuno;
E a praia Ă© alva e cheia de pequenos
Brilhos sob o sol claro.
Inutilmente parecemos grandes.
Nada, no alheio mundo,
Nossa vista grandeza reconhece
Ou com razĂŁo nos serve.
Se aqui de um manso mar meu fundo indĂ­cio
TrĂȘs ondas o apagam,
Que me farĂĄ o mar que na atra praia
Ecoa de Saturno?

O Infecundo Abismo

De novo traz as aparentes novas
Flores o verĂŁo novo, e novamente
Verdesce a cor antiga
Das folhas redivivas.
NĂŁo mais, nĂŁo mais dele o infecundo abismo,
Que mudo sorve o que mal somos, torna
À clara luz superna
A presença vivida.
NĂŁo mais; e a prole a que, pensando, dera
A vida da razĂŁo, em vĂŁo o chama,
Que as nove chaves fecham,
Da Estige irreversĂ­vel.
O que foi como um deus entre os que cantam,
O que do Olimpo as vozes, que chamavam,
‘Scutando ouviu, e, ouvindo,
Entendeu, hoje Ă© nada.
Tecei embora as, que teceis, Grinaldas.
Quem coroais, nĂŁo coroando a ele?
Votivas as deponde,
FĂșnebres sem ter culto.
Fique, porém, livre da leiva e do Orco,
A fama; e tu, que Ulisses erigira,
Tu, em teus sete montes,
Orgulha-te materna,
Igual, desde ele Ă s sete que contendem
Cidades por Homero, ou alcaica Lesbos,
Ou heptĂĄpila Tebas
OgĂ­gia mĂŁe de PĂ­ndaro.