Rumor dos Fogos
hoje Ă noite avistei sobre a folha de papel
o dragĂŁo em celulĂłide da infĂąncia
escuro como o interior polposo das cerejas
antigo como a insĂłnia dos meus trinta e cinco anos…dantes eu conseguia esconder-me nas paisagens
podia beber a humidade aérea do musgo
derramar sangue nos dedos magoados
foi hĂĄ muito tempo
quando corria pelas ruas sem saber ler nem escrever
o mundo reduzia-se a um berlinde
e as mĂŁos eram pequenas
desvendavam os nocturnos segredos dos pinhaisnĂŁo quero mais perceber as palavras nem os corpos
deixou de me pertencer o choro longĂnquo das pedras
prossigo caminho com estes ossos cor de malva
som a som o vegetal silĂȘncio sĂlaba a sĂlaba o abandono
desta obra que fica por construir… o receio
de abrir os olhos e as rosas nĂŁo estarem onde as sonhei
e teu rosto ter desaparecido no fundo do marficou-me esta mĂŁo com sua sombra de terra
sobre o papel branco… como Ă© louca esta mĂŁo
tentando aparar a tristeza antiga das lĂĄgrimas
Poemas sobre SilĂȘncio de Al Berto
2 resultados Poemas de silĂȘncio de Al Berto. Leia este e outros poemas de Al Berto em Poetris.
OfĂcio de Amar
jĂĄ nĂŁo necessito de ti
tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
tenho o grĂŁo doente das cidades erguidas no princĂpio doutras
[galĂĄxias, e
[o remorsoum dia pressenti a mĂșsica estelar das pedras, abandonei-me ao silĂȘncio
Ă© lentĂssimo este amor progredindo com o bater do coração
nĂŁo, nĂŁo preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuråveis
e os secretos poços dos nómadasascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
deixei de estar disponĂvel, perdoa-me
se cultivo regularmente a saudade de meu prĂłprio corpo