Funchal

O restaurante do peixe na praia, uma simples barraca, construĂ­da por nĂĄufragos.

Muitos, chegados à porta, voltam para trås, mas não assim as rajadas de vento do mar. Uma sombra encontra-se num cubículo fumarento e assa dois peixes, segundo uma antiga receita da Atlùntida, pequenas explosÔes de alho.

O Ăłleo flui sobre as rodelas do tomate. Cada dentada diz que o oceano nos quer bem, um zunido das profundezas.

Ela e eu: olhamos um para o outro. Assim como se trepĂĄssemos as agrestes colinas floridas, sem qualquer cansaço. Encontramo-nos do lado dos animais, bem-vindos, nĂŁo envelhecemos. Mas jĂĄ suportĂĄmos tantas coisas juntos, lembramo-nos disso, horas em que tambĂ©m de pouco ou nada servĂ­amos ( por exemplo, quando esperĂĄvamos na bicha para doar o sangue saudĂĄvel – ele tinha prescrito uma transfusĂŁo). Acontecimentos, que nos podiam ter separado, se nĂŁo nos tivĂ©ssemos unido, e acontecimentos que, lado a lado, esquecemos – mas eles nĂŁo nos esqueceram!

Eles tornaram-se pedras, pedras claras e escuras, pedras de um mosaico desordenado.

E agora aconteceu: os cacos voam todos na mesma direcção, o mosaico nasce.

Ele espera por nĂłs. Do cimo da parede,

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