Seus Olhos
Seus olhos – que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou â
NĂŁo tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tĂŁo fatal poder,
Que, um sĂł momento que a vi,
Queimar toda a alma senti…
Nem ficou mais de meu ser,
SenĂŁo a cinza em que ardi.
Poemas sobre Tempo de Almeida Garrett
4 resultadosSeus Olhos
Seus olhos – se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
NĂŁo tinham luz de brilhar.
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tĂŁo fatal poder,
Que, num sĂł momento que a vi,
Queimar toda alma senti…
Nem ficou mais de meu ser,
SenĂŁo a cinza em que ardi.
Preito
Ă lei do tempo, Senhora,
Que ninguém domine agora
E todos queiram reinar.
Quanto vale nesta hora
Um vassalo bem sujeito,
Leal de homenage e preito
E fĂĄcil de governar?Pois o tal sou eu, Senhora:
E aqui juro e firmo agora
Que a um despĂłtico reinar
Me rendo todo nesta hora,
Que a liberdade sujeito…
NĂŁo a reis! – outro Ă© meu preito:
Anjos me hĂŁo-de governar.
O Album
Minha JĂșlia, um conselho de amigo;
Deixa em branco este livro gentil:
Uma sĂł das memĂłrias da vida
Vale a pena guardar, entre mil.E essa nâalma em silĂȘncio gravada
Pelas mãos do mistério hå-de ser;
Que nĂŁo tem lĂngua humana palavras,
NĂŁo tem letra que a possa escrever.Por mais belo e variado que seja
De uma vida o tecido matiz ,
Um sĂł fio da tela bordada,
Um sĂł fio hĂĄ-de ser o feliz.Tudo o mais Ă© ilusĂŁo, Ă© mentira,
Brilho falso que um tempo seduz,
Que se apaga, que morre, que Ă© nada
Quando o sol verdadeiro reluz.De que serve guardar monumentos
Dos enganos que a espârança forjou?
VĂŁos reflexos de um sol que tardava
Ou vĂŁs sombras de um sol que passou!CrĂȘ-me, JĂșlia: mil vezes na vida
Eu coa minha ventura sonhei;
E uma sĂł, dentre tantas, o juro,
Uma sĂł com verdade a encontrei.Essa entrou-me pela alma tĂŁo firme,
TĂŁo segura por dentro a fechou,
Que o passado fugiu da memĂłria,