Poemas sobre Vinho de Ant贸nio Botto

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Poemas de vinho de Ant贸nio Botto. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Botto em Poetris.

Bemdito Sejas

Bemdito sejas,
Meu verdadeiro conforto
E meu verdadeiro amigo!

Quando a sombra, quando a noite
Dos altos c茅us vem descendo,
A minha d么r,
Estremecendo, ac贸rda…

A minha d么r 茅 um le茫o
Que lentamente mordendo
Me devora o cora莽茫o.

Canto e ch贸ro amargamente;
Mas a d么r, indiferente,
Contin煤a…

Ent茫o,
Febr铆l, quase louco,
Corro a ti, vinho louvado!
– E a minha d么r adormece,
E o le茫o 茅 socegado.

Quanto mais b锚bo mais d贸rme:
Vinho adorado,
O teu poder 茅 enorme!

E eu vos digo, almas em chaga,
脫 almas tristes sangrando:
Andarei sempre
Em constante bebedeira!

Grande vida!

– Ter o vinho por amante
E a morte por companheira!

Foi n’uma Tarde de Julho

Foi n’uma tarde de Julho.
Convers谩vamos a m锚do,
– Receios de trahir
Um tristissimo segr锚do.

Sim, duvid谩vamos ambos:
Elle n茫o sabia bem
Que o amava loucamente
Como nunca amei ninguem.
E eu n茫o acreditava
Que era por mim que o seu olhar
De lagrimas se toldava…

Mas, a duvida perdeu-se;
Fallou alto o cora莽茫o!
– E as nossas ta莽as
Foram erguidas
Com infinita perturba莽茫o!

Os nossos bra莽os
Formaram la莽os.

E, aos beijos, 茅brios, tomb谩mos;
– Cheios d’am么r e de vinho!

(Uma suplica so谩va:)

芦Agora… morre commigo,
Meu am么r, meu am么r… devagarinho!…禄

And谩va a Lua nos C茅us

And谩va a lua nos c茅us
Com o seu bando de estrellas.

Na minha alcova,
Ardiam vellas,
Em candelabros de bronze.

Pelo ch茫o, em desalinho,
Os velludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho.

Elle olhava-me scismado;
E eu,
Placidamente, fumava,
Vendo a lua branca e n煤a
Que pelos c茅us caminhava.

Aproximou-se; e em delirio
Procurou 谩vidamente,
E 谩vidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.

Arrastou-me para Elle,
E, encostado ao meu hombro,
Fallou-me d’um pagem loiro
Que morr锚ra de Saudade,
脕 beira-mar, a cantar…

Olhei o c茅u!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombr铆a.

D茅ram-se as bocas n’um beijo,
– Um beijo nervoso e lento…
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento.

Vinha longe a madrugada.

Por fim,
Largando esse corpo
Que adormec锚ra cansado
E que eu beij谩ra loucamente
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente,
Bebia vinho… at茅 cahir.

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Tenho a Certeza de que Entre N贸s Tudo Acabou

Tenho a certeza
De que entre n贸s tudo acabou.
Deixal-o!
Bemdita seja a tristesa!
– N茫o ha bem que sempre dure
E o meu bem pouco durou.

N茫o levantes os teus bra莽os,
Para de novo cingir
A minha carne de seda;
– Vou deixar-te… vou partir.

E se um dia te lembrares,
Dos meus olhos c么r de bronze
E do meu corpo franzino,
Acalma
A tua sensualidade,
Bebendo vinho e cantando
Os versos que te mandei
N’aquella tarde cinzenta…

Adeus!

Quem fica soffre bem sei;
Mas soffre mais quem se ausenta!…