IX
De outras sei que se mostram menos frias,
Amando menos do que amar pareces.
Usam todas de lágrimas e preces:
Tu de acerbas risadas e ironias.De modo tal minha atenção desvias,
Com tal perícia meu engano teces,
Que, se gelado o coração tivesses,
Certo, querida, mais ardor terias.Olho-te: cega ao meu olhar te fazes …
Falo-te – e com que fogo a voz levanto! –
Em vão… Finges-te surda às minhas frases…Surda: e nem ouves meu amargo pranto!
Cega: e nem vês a nova dor que trazes
À dor antiga que doía tanto!
Sonetos sobre Ardor de Olavo Bilac
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Remorso
Às vezes uma dor me desespera…
Nestas ânsias e dúvidas em que ando,
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera…
Ah ! Mais cem vidas ! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando !Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!