Sonetos sobre Cipreste de Auta de Souza

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Eterna Dor

Alma de meu amor, lĂ­rio celeste,
Sonho feito de um beijo e de um carinho,
Criatura gentil, pomba de arminho,
Arrulhando nas folhas de um cipreste.

Ă“ minha mĂŁe! Por que no mundo agreste,
Rola formosa, abandonaste o ninho?
Se as roseiras do CĂ©u nĂŁo tĂŞm espinhos,
Quero ir contigo, Ăł lĂ­rio meu celeste!

Ah! se soubesses como sofro, e tanto!
Leva-me Ă  terra onde nĂŁo corre o pranto,
Leva-me, santa, onde a ventura existe…

Aqui na vida – que tamanha mágoa! –
O prĂłprio olhar de Deus encheu-se d’água…
Ă“ minha mĂŁe, como este mundo Ă© triste!

Mistério

Ă€ memĂłria do pequeno Alberto.

Sei que tu’alma carinhosa e mansa
Voou, sorrindo, para o Azul celeste;
Sei que teu corpo virginal descansa
Aqui da terra n’um cantinho agreste.

Tudo isto sei: mas tu nĂŁo me disseste
Se lá no Céu, na pátria da Esperança,
Ou aqui no mundo, Ă  sombra do cipreste,
Deixaste o coração, loura criança!

Desceu acaso com o corpo Ă  terra
Ele tĂŁo puro e que sĂł luz encerra?
NĂŁo creio n’isso e ninguĂ©m crĂŞ de certo…

Entanto, eu cismo que, num vale ameno,
Talvez o seio de um jasmim pequeno
Sirva de berço ao coração de Alberto.