Sonetos sobre Cofre de Tomás Antônio Gonzaga

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Sonetos de cofre de Tomás Antônio Gonzaga. Leia este e outros sonetos de Tomás Antônio Gonzaga em Poetris.

MarĂ­lia De Dirceu

Soneto 5

Ao templo do Destino fui levado:
Sobre o altar num cofre se firmava,
Em cujo seio cada qual buscava,
Tremendo, anĂşncio do futuro estado.

Tiro um papel e lio – cĂ©u sagrado,
Com quanta causa o coração pulsava!
Este duro decreto escrito estava
Com negra tinta pela mĂŁo do fado:

“Adore Polidoro a bela Ormia,
sem dela conseguir a recompensa,
nem quebrar-lhe os grilhões a tirania.”

Dar mãos Amor mo arranca, e sem detença,
TrĂŞs vezes o levando Ă  boca impia,
Jurou cumprir à risca a tal sentença.

MarĂ­lia De Dirceu

Soneto 12

Obrei quando o discurso me guiava,
Ouvi aos sábios quando errar temia;
Aos Bons no gabinete o peito abria,
Na rua a todos como iguais tratava.

Julgando os crimes nunca os votos dava
Mais duro, ou pio do que a Lei pedia;
Mas devendo salvar ao justo, ria,
E devendo punir ao réu, chorava.

NĂŁo foram, Vila Rica, os meus projetos
Meter em fĂ©rreo cofre cĂłpia d’ouro
Que farte aos filhos, e que chegue aos netos:

Outras sĂŁo as fortunas, que me agouro,
Ganhei saudades, adquiri afetos,
Vou fazer destes bens melhor tesouro.

Obrei quanto o Discurso me Guiava

Obrei quanto o discurso me guiava,
Ouvi aos sábios quando errar temia;
Aos bons no gabinete o peito abria,
Na rua a todos como iguais tratava.

Julgando os crimes nunca os votos dava,
Mais duro, ou pio do que a lei pedia:
Mas devendo salvar ao justo ria,
E devendo punir aos réu chorava.

NĂŁo foram, Vila Rica, os meus projetos,
Meter em ferro cofre cĂłpia de ouro,
Que farte aos filhos, e que chegue aos netos:

Outras sĂŁo as fortunas, que me agouro,
Ganhei saudades, adquiri afetos,
Vou fazer deste bens melhor tesouro.