Soneto, Ă s Cinco Horas da Tarde

Agora que me instigo e me arremesso
ao branco ofĂ­cio de prender meu sono
e depois atirá-lo em seu vestido
feito de céu e restos de incerteza,

recolho inutilmente de seus lábios
a precisĂŁo do sangue do silĂŞncio
e inauguro uma tarde em suas mĂŁos
grávidas de gestos e de rumos.

Pelo temor e o débil sobressalto
de encontrar sua ausĂŞncia numa esquina
quando extingui canção e permanência,

guardei todo o impossĂ­vel de seus olhos,
embora ouvisse, longe, além dos mapas,
bruscos mastins de cedro em seus cabelos.