Soneto para Greta Garbo
(Em louvor da decadĂȘncia bem comportada)
Entre silĂȘncio e sombra se devora
e em longĂnquas lembranças se consome;
tĂŁo longe que esqueceu o prĂłprio nome
e talvez jĂĄ nem saiba porque chora.Perdido o encanto de esperar agora
o antigo deslumbrar que jĂĄ nĂŁo cabe,
transforma-se em silĂȘncio, porque sabe
que o silĂȘncio se oculta e se evapora.Esquiva e sĂł como convĂ©m a um dia
despregado do tempo, esconde a face
que jĂĄ foi sol e agora Ă© cinza fria.Mas vĂȘ nascer da sombra outra alegria:
como se o olhar magoado contemplasse
o mundo em que viveu, mas que nĂŁo via.
Sonetos sobre Longe de Carlos Pena Filho
2 resultados Sonetos de longe de Carlos Pena Filho. Leia este e outros sonetos de Carlos Pena Filho em Poetris.
Soneto, Ă s Cinco Horas da Tarde
Agora que me instigo e me arremesso
ao branco ofĂcio de prender meu sono
e depois atirĂĄ-lo em seu vestido
feito de céu e restos de incerteza,recolho inutilmente de seus låbios
a precisĂŁo do sangue do silĂȘncio
e inauguro uma tarde em suas mĂŁos
gråvidas de gestos e de rumos.Pelo temor e o débil sobressalto
de encontrar sua ausĂȘncia numa esquina
quando extingui canção e permanĂȘncia,guardei todo o impossĂvel de seus olhos,
embora ouvisse, longe, além dos mapas,
bruscos mastins de cedro em seus cabelos.