Estátua

Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, de frio escalpelo,
O meu olhar quebrei, a debatĂŞ-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.

Segredo dessa alma e meu degredo
E minha obsessĂŁo! Para bebĂŞ-lo
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu Ăłsculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correto
Desse entreaberto lábio gelado…

Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um tĂşmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.