Sonetos sobre Pobres de Mário Quintana

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Sonetos de pobres de Mário Quintana. Leia este e outros sonetos de Mário Quintana em Poetris.

A Rua Dos Cataventos – X

Eu faço versos como os saltimbancos
Desconjuntam os ossos doloridos.
A entrada Ă© livre para os conhecidos…
Sentai, Amadas, nos primeiros bancos!

Vão começar as convulsões e arrancos
Sobre os velhos tapetes estendidos…
Olhai o coração que entre gemidos
Giro na ponta dos meus dedos brancos!

“Meu Deus! Mas tu nĂŁo tu nĂŁo mudas o programa!”
Protesta a clara voz das Bem-Amadas.
“Que tĂ©dio!” o coro dos Amigos clama.

“Mas que vos dar de novo e de imprevisto?”
Digo… e retorço as pobres mĂŁos cansadas:
“Eu sei chorar… eu sei sofrer… SĂł isto!”

A Rua Dos Cataventos – IX – Para EmĂ­lio Kemp

É a mesma a ruazinha sossegada.
Com as velhas rondas e as canções de outrora…
E os meus lindos pregões da madrugada
Passam cantando ruazinha em fora!

Mas parece que a luz está cansada…
E, nĂŁo sei como, tudo tem, agora,
Essa tonalidade amarelada
Dos cartazes que o tempo descolora…

Sim, desses cartazes ante os quais
NĂłs Ă s vezes paramos, indecisos…
Mas para quĂŞ?… Se nĂŁo adiantam mais!…

Pobres cartazes por aĂ­ afora
Que inda anunciam: – Alegrias – Risos
Depois do Circo já ter ido embora!…