Sonetos sobre Tom de Glauco Mattoso

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Sonetos de tom de Glauco Mattoso. Leia este e outros sonetos de Glauco Mattoso em Poetris.

Soneto 345 Caetânico

Arauto da verdade tropical,
cantou nomes de nomes, como Arrigo,
Jacinto Pinto Aquino Rego, digo,
Mattoso, Matos, Tons, Tins, Bens, e tal.

PropĂ´s orientar o carnaval,
e a nave conseguiu singrar consigo.
Tratou de igual pra igual o joio e o trigo.
Juntou sopa com mel, mamĂŁo com sal.

Aos probos proibiu de proibir.
Aos pobres deu licença de brilhar.
Bebeu da juventude um elixir.

Tem mais caetanidade em caetanar
que aos outros antropĂ´nimos ser Sir.
Seu ZĂ© nĂŁo Ă© Caetano, uns nunca Ă© par.

Soneto 434 A NĂ©stor Perlongher

Na frente esteve e está, depois ou antes.
Poeta já portento de portenho,
em NĂ©stor o barroco ganha engenho
e os verbos reverberam mais brilhantes.

Da Frente mĂ­tico entre os militantes,
aqui tem maior campo seu empenho.
Da causa negra um dado a depor tenho:
tratou mais que os tratados dos tratantes.

Aos putos imputou novo valor.
Da lĂ­ngua tinha humor sempre na ponta.
Das classes, luta e amor, Ă© professor.

Mediu o que a estatĂ­stica nĂŁo conta.
Territorializou do corpo a cor.
Deu tom de santa a tanta tinta tonta!

Soneto 252 Qualitativo

Repito que um Ă© dote, dois Ă© dom,
mas três já é defeito, tenha dó!
Camões fez “Alma minha” e o do JacĂł:
Terceiro Ă© mui difĂ­cil ser tĂŁo bom.

A tanto inda acrescento, alto e bom som:
Falar de sentimento, por si sĂł,
nĂŁo faz de nenhum verso um pĂŁo-de-lĂł,
nem temas de bom tom sĂŁo sĂł bombom.

Fazer soneto Ă s pencas, outrossim,
não dá patente máxima a ninguém,
nem livra alguém do nível do ruim.

Fiquemos no bom senso, que mantém
a média de dois bons, até pra mim,
que, perto de Camões, sou muito aquém.