Quando Eu, Senhora, Em VĂłs Os Olhos Ponho
Quando eu, senhora, em vĂłs os olhos ponho,
e vejo o que nĂŁo vi nunca, nem cri
que houvesse cá, recolhe-se a alma a si
e vou tresvaliando, como em sonho.Isto passado, quando me desponho,
e me quero afirmar se foi assi,
pasmado e duvidoso do que vi,
m’espanto Ă s vezes, outras m’avergonho.Que, tornando ante vĂłs, senhora, tal,
Quando m’era mister tant’ outr’ ajuda,
de que me valerei, se alma nĂŁo val?Esperando por ela que me acuda,
e não me acode, e está cuidando em al,
afronta o coração, a lĂngua Ă© muda.
Sonetos sobre Vez de Sá de Miranda
2 resultados Sonetos de vez de Sá de Miranda. Leia este e outros sonetos de Sá de Miranda em Poetris.
Aquela FĂ© TĂŁo Clara E Verdadeira
Aquela fé tão clara e verdadeira,
A vontade tão limpa e tão sem mágoa,
Tantas vezes provada em viva frágua
De fogo, i apurada, e sempre inteira;Aquela confiança, de maneira
Que encheu de fogo o peito, os olhos de água,
Por que eu ledo passei por tanta mágoa,
Culpa primeira minha e derradeira,De que me aproveitou? NĂŁo de al por certo
Que dum sĂł nome tĂŁo leve e tĂŁo vĂŁo,
Custoso ao rosto, tĂŁo custoso Ă vida.Dei de mim que falar ao longe e ao perto;
E já assi se consola a alma perdida,
Se nĂŁo achar piedade, ache perdĂŁo.