Crer no amor Ă© ter fĂ© num deus falĂvel
Passagens sobre FĂ©
556 resultadosHino da ManhĂŁ
Tu, casta e alegre luz da madrugada,
Sobe, cresce no céo, pura e vibrante,
E enche de força o coração triumphante
Dos que ainda esperam, luz immaculada!Mas a mim pões-me tu tristeza immensa
No desolado coração. Mais quero
A noite negra, irmĂŁ do desespero,
A noite solitaria, immovel, densa,O vacuo mudo, onde astro nĂŁo palpita,
Nem ave canta, nem susurra o vento,
E adormece o proprio pensamento,
Do que a luz matinal… a luz bemdita!Porque a noite Ă© a imagem do NĂŁo-Ser,
Imagem do repouso inalteravel
E do esquecimento inviolavel,
Que anceia o mundo, farto de soffrer…Porque nas trevas sonda, fixo e absorto,
O nada universal o pensamento,
E despreza o viver e o seu tormento.
E olvida, como quem está já morto…E, interrogando intrepido o Destino,
Como reu o renega e o condemna,
E virando-se, fita em paz serena
O vacuo augusto, placido e divino…Porque a noite Ă© a imagem da Verdade,
Que está além das cousas transitorias.
Das paixões e das formas ilusorias,
Hábitos Breves
Gosto dos hábitos que nĂŁo duram; sĂŁo de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que Ă© feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saĂşde fĂsica, e, de uma maneira geral, tĂŁo longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente – porque o prĂłprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fĂ© da paixĂŁo; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhĂŁ Ă noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delĂcias me penetram atĂ© Ă medula dos ossos, nĂŁo posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar.
E depois um belo dia, aĂ está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me entĂŁo, nĂŁo sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devĂŞssemos gratidĂŁo e estendemo-nos a mĂŁo para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fĂ© – a indestrutĂvel louca… e sábia! – em que este novo objecto será o bom,
A verdadeira grandeza da razĂŁo consiste em poder compreender toda a majestade e sublimidade da fĂ©. As contradições e os abismos da impiedade sĂŁo ainda mais incompreensĂveis do que os mistĂ©rios da fĂ©.
Deves manter a mente ampla e alegre. Se tens a mente fechada e costumas ficar deprimido, é porque não conheces Deus verdadeiramente; é porque ainda não tens a verdadeira fé.
A Torpe Sociedade onde Nasci
I
Ao ver um garotito esfarrapado
Brincando numa rua da cidade,
Senti a nostalgia do passado,
Pensando que já fui daquela idade.II
Que feliz eu era entĂŁo e que alegria…
Que loucura a brincar, santo delĂrio!…
Embora fosse mártir, não sabia
Que o mundo me criava p’ra o martĂrio!III
Já quando um homenzinho, é que senti
O dilema terrĂvel que me impĂ´s
A torpe sociedade onde nasci:
— De ser vĂtima humilde ou ser algoz…IV
E agora Ă© o acaso quem me guia.
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,
Sou tudo: mas nĂŁo sou o que seria
Se o mundo fosse bom — como não é!V
Tuberculoso!… Mas que triste sorte!
Podia suicidar-me, mas nĂŁo quero
Que o mundo diga que me desespero
E que me mato por ter medo Ă morte…
A fé verdadeira não é adoração de forças paranormais ou de fenômenos sobrenaturais. Ela é adoração da força correta, isto é, da força do amor, da força da harmonia.
Meteu-me Amor em seu Trato
Meteu-me Amor em seu trato,
Pôs-me os seus gostos na praça,
Quanto quis me deu de graça.
Mas Ă© caro o seu barato.Amor, que quis que tivesse
Os males por seu querer,
Deu menos bem, que escolhesse,
Para que quando os perdesse
Tivesse mais que perder.
Depois que em minha esperança
Me viu contra o tempo ingrato
Viver livre da mudança
Por tão grande confiança
Meteu-me Amor em seu trato.Vi eu logo que convinha
Dar melhor conta do seu
Do que dei da vida minha:
Deixei perder quanto tinha
Por guardar o que me deu.
O desejo e o temor,
A fé, a vontade, a graça,
Tudo pus na mĂŁo de Amor.
Ele que Ă© mais mercador
Pôs-me seus gostos na praça.Entendeu que não sabia
A valia do interesse
Que eu dele entĂŁo pretendia:
Perguntou-me o que queria
Antes que nada me desse.
Eu, que nĂŁo soube o que fiz,
Quis um desprezo e negaça,
Quis uns desdéns senhoris,
E por ser graça o que quis.
Senhora Já Dest’alma, Perdoai
Senhora já dest’alma, perdoai
de um vencido de Amor os desatinos,
e sejam vossos olhos tĂŁo beninos
com este puro amor, que d’alma sai.A minha pura fĂ© somente olhai,
e vede meus extremos se sĂŁo finos;
e se de algĂĽa pena forem dinos,
em mim, Senhora minha, vos vingai.NĂŁo seja a dor que abrasa o triste peito
causa por onde pene o coração,
que tanto em firme amor vos Ă© sujeito.Guardai-vos do que alguns, Dama, dirĂŁo,
que, sendo raro em tudo vosso objeito,
possa morar em vĂłs ingratidĂŁo.
O optimismo é a fé em acção. Nada se pode levar a efeito sem optimismo.
A fĂ© Ă© uma conquista difĂcil, que exige combates diários para ser mantida.
Floresce!
Floresce, vive para a Natureza,
Para o Amor imortal, largo e profundo.
O Bem supremo de esquecer o mundo
Reside nessa lĂmpida grandeza.Floresce para a FĂ©, para a Beleza
Da Luz que Ă© como um vasto mar sem fundo,
Amplo, inflamado, mágico, fecundo,
De ondas de resplendor e de pureza.Andas em vĂŁo na Terra, apodrecendo
Ă€ toa pelas trevas, esquecendo
A Natureza e os seus aspectos calmos.Diante da luz que a Natureza encerra
Andas a apodrecer por sobre a Terra,
Antes de apodrecer nos sete palmos!
LXXIII
Quem se fia de Amor, quem se assegura
Na fantástica fé de uma beleza,
Mostra bem, que nĂŁo sabe, o que Ă© firmeza,
Que protesta de amante a formosura.Anexa a qualidade de perjura
Ao brilhante esplendor da gentileza,
Mudável é por lei da natureza,
A que por lei de Amor é menos dura.Deste, ó Fábio, que vês, desordenado,
Ingrato proceder se Ă© que examinas
A razĂŁo, eu a tenho decifrado:SĂŁo as setas de Amor tĂŁo peregrinas,
Que esconde no gentil o golpe irado;
Para lograr pacĂfico as ruĂnas.
Você foi a esperança nos meus dias de solidão,a angústia dos meus instantes de dúvida, a certeza nos momentos de fé.
Dificuldade de Prever o Comportamento de qualquer Pessoa, o Nosso Inclusivamente
Sendo variável o nosso “eu”, que Ă© dependente das circunstâncias, um homem jamais deve supor que conhece outro. Pode somente afirmar que, nĂŁo variando as circunstâncias, o procedimento do indivĂduo observado nĂŁo mudará. O chefe de escritĂłrio que já redige há vinte anos relatĂłrios honestos, continuará sem dĂşvida a redigi-los com a mesma honestidade, mas cumpre nĂŁo o afirmar em demasia. Se surgirem novas circunstâncias, se uma paixĂŁo forte lhe invadir a mente, se um perigo lhe ameaçar o lar, o insignificante burocrata poderá tornar-se um celerado ou um herĂłi.
As grandes oscilações da personalidade observam-se quase exclusivamente na esfera dos sentimentos. Na da inteligência, elas são muito fracas. Um imbecil permanecerá sempre imbecil.
As possĂveis variações da personalidade, que impedem de conhecermos a fundo os nossos semelhantes, tambĂ©m obstam a que cada qual se conheça a si prĂłprio. O adágio “Nosce te ipsum” dos antigos filĂłsofos constitui um conselho irrealizável. O “eu” exteriorizado representa habitualmente uma personalidade de emprĂ©stimo, mentirosa. Assim Ă©, nĂŁo sĂł porque atribuĂmos a nĂłs mesmos muitas qualidades e nĂŁo reconhecemos absolutamente os nossos defeitos, como tambĂ©m porque o nosso “eu” contĂ©m uma pequena porção de elementos conscientes, conhecĂveis em rigor, e, em grande parte,
O milagre é o filho predilecto da fé.
O Suspiro
Voai, brandos meninos tentadores,
Filhos de VĂ©nus, deuses da ternura,
Adoçai-me a saudade amarga e dura,
Levai-me este suspiro aos meus amores:Dizei-lhe que nasceu dos dissabores
Que influi nos corações a formosura;
Dizei-lhe que é penhor da fé mais pura,
Porção do mais leal dos amadores:Se o fado para mim sempre mesquinho,
A outro of’rece o bem de que me afasta,
E em ais lhe envia Ulina o seu carinho:Quando um deles soltar na esfera vasta,
Trazei-o a mim, torcendo-lhe o caminho;
Eu sou tĂŁo infeliz, que isso me basta.
A minha fé, nas densas trevas, resplandece mais viva.
As coisas acerca das quais não estamos absolutamente seguros nunca são verdadeiras. Eis aà a fatalidade da fé e a lição do amor.
Deus Ă© purĂssima essĂŞncia. Para os que tĂŞm fĂ© nele, Deus simplesmente Ă©.