Males de Anto
A Ares n’uma aldeia
Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.Mas, atravez da minha dor,
Poemas sobre Agonia
27 resultadosCacida da MĂŁo ImpossĂvel
NĂŁo quero mais que uma mĂŁo,
mĂŁo ferida, se possĂvel.
NĂŁo quero mais que uma mĂŁo,
inda que passe noites mil sem cama.Seria um lĂrio pálido de cal,
uma pomba atada ao meu coração,
o guarda que na noite do meu trânsito
de todo vetaria o acesso Ă lua.NĂŁo quero mais que essa mĂŁo
para os diários óleos e a mortalha de minha agonia.
NĂŁo quero mais que essa mĂŁo
para de minha morte ter uma asa.Tudo mais passa.
Rubor sem nome mais, astro perpétuo.
O demais Ă© o outro; vento triste
enquanto as folhas fogem debandadas.Tradução de Oscar Mendes
Culpabilidade
O que Ă© o perdĂŁo?
Vivi na esperança
de o ter entre os dedos.
Quem diz que o alcança
sĂł vive de enredos…Fiz mal? Mas a quem?
Que venham contar-me
as mágoas geradas
por meu vil desdém
e as feridas mostrar-me
na carne rasgadas.Fiz mal? Mas a quem?
Fui pedra lançada
no vosso caminho?
Barrei-vos a estrada
com traves de pinho?SĂł sei que
há vozes gritando
a culpa que sinto
pesar-me na alma,
há ecos cavando
a dor que pressinto
em noites de calma…SĂł sei que
suspensos enredos
da minha agonia,
urdida ao serĂŁo
em grande segredo,
tornaram vazia
a minha intuição.Fiz mal? Sim ou não?
Onde e quando?
Dizei-mo, dizei-mo!Eu sou como a rocha
virada prò norte,
que acolhe a rajada
em concha bem forte
e a atira prò nada…Fiz mal? Sim ou nĂŁo?
Até os duendes,
escondidos e aduncos,
me negam razĂŁo.
Rajada
Abram-se as portas do inferno
para o meu amor!
Rasgue-se a terra num rugido eterno
para solver a minha dor!…Trágica cavalgada
do meu pensamento!
Tu andas batalhando o meu tormento
Num rumor de maldição!Oh rajada infernal!
leva-me o coração,
onde vibra a agonia do meu mal…E se amarrada Ă minha cruz de fogo,
nesta ânsia rubra, eu não vencer a Dor,
dispersa seja a queixa do meu rogo!
– E que o vento e as ondas,
a fiquem gritando
num eterno clamor!…
Hino da ManhĂŁ
Tu, casta e alegre luz da madrugada,
Sobe, cresce no céo, pura e vibrante,
E enche de força o coração triumphante
Dos que ainda esperam, luz immaculada!Mas a mim pões-me tu tristeza immensa
No desolado coração. Mais quero
A noite negra, irmĂŁ do desespero,
A noite solitaria, immovel, densa,O vacuo mudo, onde astro nĂŁo palpita,
Nem ave canta, nem susurra o vento,
E adormece o proprio pensamento,
Do que a luz matinal… a luz bemdita!Porque a noite Ă© a imagem do NĂŁo-Ser,
Imagem do repouso inalteravel
E do esquecimento inviolavel,
Que anceia o mundo, farto de soffrer…Porque nas trevas sonda, fixo e absorto,
O nada universal o pensamento,
E despreza o viver e o seu tormento.
E olvida, como quem está já morto…E, interrogando intrepido o Destino,
Como reu o renega e o condemna,
E virando-se, fita em paz serena
O vacuo augusto, placido e divino…Porque a noite Ă© a imagem da Verdade,
Que está além das cousas transitorias.
Das paixões e das formas ilusorias,
Ditosos a quem Acena
MARINHA
Ditosos a quem acena
Um lenço de despedida!
SĂŁo felizes: tĂŞm pena…
Eu sofro sem pena a vida.Dôo-me até onde penso,
E a dor é já de pensar,
Órfão de um sonho suspenso
Pela marĂ© a vazar…E sobe atĂ© mim, já farto
De improfĂcuas agonias,
No cais de onde nunca parto,
A maresia dos dias.
O DilĂşvio
Há muitos dias já, há já bem longas noites
que o estalar dos vulcões e o atroar das torrentes
ribombam com furor, quais rábidos açoites,
ao crebro rutilar dos coriscos ardentes.Pradarias, vergéis, hortos, vinhedos, matos,
tudo desapar’ceu ao rude desabar
das constantes, hostis, raivosas cataratas,
que fizeram da Terra um grande e torvo mar.Ă€ flor do torvo mar, verde como as gangrenas,
onde homens e leões bóiam agonizantes,
imprecando com fĂşria e angĂşstia, erguem-se apenas,
quais monstros colossais, as montanhas gigantes.É aà que, ululando, os homens como as feras
refugiar-se vão em trágicos cardumes,
O mar sobe, o mar cresce. e os homens e as panteras,
crianças e reptis caminham para os cumes.Os fortes, sem haver piedade que os sujeite,
arremessam ao chĂŁo pobres velhos cansados.
e as mães largam. cruéis, os filhinhos de leite,
que os que seguem depois pisam, alucinados.Um sinistro pavor; crescente e sufocante,
desnorteia, asfixia a turba pertinaz:
ouvem-se urros de dor, e os que vĂŁo adiante
lançam pedras brutais aos que ficam pra trás.
Conhecimento do Amor
Amor, como o compreendo agora, Ă© mais
renĂşncia que desejo. Outrora hostil,
agressivo, hoje sĂşplica, murmĂşrio
Ăntimo, cinzas em silĂŞncio, amor,
Ă morte assemelhando-se, besouro
em agonia, dor da perda, o sonho
estraçalhado, renunciar, renu-
nciar sempre, e sem espera, ao corpo amado.A vida me consente essa amargura
e Ă© preciso vivĂŞ-la sem demora,
abrir os olhos, aceitar a sombra,
meditar sem rancor a decepção —
instante em que a mulher se distancia
e a voz ao telefone ri tranquila
anunciando a partida: outros braços,
agora, amor, mesclado de impotĂŞncia
e irrisão, lágrimas que não se mostram.Toda renúncia compõe jogo amargo
de desespero e morte. Renunciar,
ainda que de joelhos, deitado, o corpo
ansiando pelo teu amor se fira,
e o coração, tumulto, empalideça
e nada reste enfim que a vida mesma,
percorrida com calma e indiferença.Assim, amor, te compreendo agora:
— devoção malquerida a toda hora.
Crepuscular
Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d’ais comprimidos…
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delĂquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados,
Sentem-se espasmos, agonias d’ave,
InapreensĂveis, mĂnimas, serenas…
_ Tenho entre as mĂŁos as tuas mĂŁos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mĂŁos tĂŁo brancas d’anemia…
Os teus olhos tĂŁo meigos de tristeza…
_ É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.
Despedida
Uma harpa envelhece.
Nada se ouve ao longo dos canais e os remadores
sonham junto às estátuas de treva.
A tua sombra está atrás da minha sombra e dança.
Tocas-me de tão longe, sobre a falésia, e não sei se
foi amor.
Certo rumor de cálices, uma súplica ao dealbar das
ruĂnas,
tudo se perdeu no solitário campo dos céus.
Uma estrela caĂa.
Esse fogo consumido queima ainda a lembrança do
sul, a sua extrema dor anoitecida.
NĂŁo vens jamais.
O teu rosto Ă© a relva mutilada dos passos em que me
entristeço, a absoluta condenação.
Chove quando penso que um dia as tuas rosas floriam
no centro desta cidade.
Não quis, à volta dos lábios, a profanação do jasmim,
as tuas folhas de outubro.
Ocultarei, na agonia das casas, uma pena que esvoaça,
a nudez de quem sangra Ă vista das catedrais.
O meu peito abriga as tuas sementes, e morre.
Esta mĂşsica Ă© quase o vento.
Cântico da Noite
Sumiu-se o sol esplĂŞndido
Nas vagas rumorosas!
Em trevas o crepĂşsculo
Foi desfolhando as rosas!
Pela ampla terra alargar-se
Calada solidĂŁo!
Parece o mundo um tĂşmulo
Sob estrelado manto!
Alabastrina lâmpada,
Lá sobe a lua! Entanto
Gemidos d’aves lúgubres
Soando a espaços vão!
Hora dos melancĂłlicos,
Saudosos devaneios!
Hora que aos gostos Ăntimos
Abres os castos seios!
Infunde em nossos ânimos
Inspiração da fé!
De noite, se um revérbero
De Deus nos alumia,
Destila-se de lágrimas
A prece, a profecia!
A alma elevada em ĂŞxtase
Terrena já não é!
Antes que o sono tácito
Olhos nos cerre, e os sonhos
Nos tomem no seu vĂłrtice,
Já rindo, e já medonhos,
Hora dos céus, conserva-me
No extinto e no porvir.
Onde os que amei? sumiram-se.
Onde o que eu fui? deixou-me.
Deles, sĂł vĂŁs memĂłrias;
De mim, sĂł resta um nome:
No abismo do pretérito
Desfez-se choro e rĂşy
Desfez-se! e quantas lágrimas
Brotaram de alegrias! Desfez-se!
e quantos jĂşbilos
Nasceram de agonias!
O Calendário Ardente dos Teus Dias
o calendário ardente dos teus dias
a lista das tuas agoniascomo se atreve
como nĂŁo ousa serenar
serenar-teno Ămpeto fugidio e secreto
o sorriso
a alva gravidade do estilo
Hino Ă Morte
Tenho Ă s vezes sentido o chocar dos teus ossos
E o vento da tua asa os meus lábios roçar;
Mas da tua presença o rasto de destroços
Nunca de susto fez meu coração parar.Nunca, espanto ou receio, ao meu ânimo trouxe
Esse aspecto de horror com que tudo apavoras,
Nas tuas mãos erguendo a inexorável Fouce
E a ampulheta em que vais pulverizando as horas.Sei que andas, como sombra, a seguir os meus
[passos,
TĂŁo prĂłxima de mim que te respiro o alento,
— Prestes como uma noiva a estreitar-me em teus
[braços,
E a arrastar-me contigo ao teu leito sangrento…Que importa? Do teu seio a noite que amedronta,
Para mim nĂŁo Ă© mais que o refluxo da Vida,
Noite da noite, donde esplĂŞndida desponta
A aurora espiritual da Terra Prometida.A Alma volta Ă Luz; sai desse hiato de sombra,
Como o insecto da larva. A Morte que me aterra,
Essa que tanta vez o meu ânimo assombra,
Não és tu, com a paz do teu oásis te terra!Quantas vezes,
A Vida
Ă“ grandes olhos outomnaes! mysticas luzes!
Mais tristes do que o amor, solemnes como as cruzes!
Ă“ olhos pretos! olhos pretos! olhos cor
Da capa d’Hamlet, das gangrenas do Senhor!
Ó olhos negros como noites, como poços!
Ă“ fontes de luar, n’um corpo todo ossos!
Ó puros como o céu! ó tristes como levas
De degredados!Ă“ Quarta-feira de Trevas!
Vossa luz Ă© maior, que a de trez luas-cheias:
Sois vĂłs que allumiaes os prezos, nas cadeias,
Ó velas do perdão! candeias da desgraça!
Ó grandes olhos outomnaes, cheios de Graça!
Olhos accezos como altares de novena!
Olhos de genio, aonde o Bardo molha a penna!
Ó carvões que accendeis o lume das velhinhas,
Lume dos que no mar andam botando as linhas…
Ă“ pharolim da barra a guiar os navegantes!
Ă“ pyrilampos a allumiar os caminhantes,
Mais os que vĂŁo na diligencia pela serra!
Ó Extrema-Uncção final dos que se vão da Terra!
Ă“ janellas de treva, abertas no teu rosto!
Thuribulos de luar! Luas-cheias d’Agosto!
Luas d’Estio! Luas negras de velludo!
Ă“ luas negras,
A Tua Boca Adormeceu
A tua boca adormeceu
parece um cais muito antigo
Ă volta da minha boca.Mas as palavras querem voltar Ă terra
ao fogo do silêncio que sustém as pontes
perdidas na sua própria sombra.E há um cão de pedra como um fruto
que nos cobre com o seu uivo
enquanto pássaros de ouro com mãos de marfim
transplantam as árvores transparentes
para o ponto mais fundo do mar.As lágrimas que não chorei
arrependidas
fazem transbordar a eterna agonia do mar
como um lençol fúnebre
com que tivesse alguém coberto o rosto metafórico
dos cinco continentes que em nĂłs existem.Assim Ă© ao mesmo tempo
que sou eu e nĂŁo o sou
aquele relĂłgio das horas de ouro
que além flutua.
Horas Vivas
Noite: abrem-se as flores…
Que esplendores!
CĂntia sonha amores
Pelo céu.
TĂŞnues as neblinas
Ă€s campinas
Descem das colinas,
Como um véu.Mãos em mãos travadas,
Animadas,
VĂŁo aquelas fadas
Pelo ar;
Soltos os cabelos,
Em novelos,
Puros, louros, belos,
A voar.— “Homem, nos teus dias
Que agonias,
Sonhos, utopias,
Ambições;
Vivas e fagueiras,
As primeiras,
Como as derradeiras
Ilusões!— Quantas, quantas vidas
VĂŁo perdidas,
Pombas mal feridas
Pelo mal!Anos apĂłs anos,
TĂŁo insanos,
VĂŞm os desenganos
Afinal.— “Dorme: se os pesares
Repousares,
Vês? – por estes ares
Vamos rir;
Mortas, nĂŁo; festivas,
E lascivas,
Somos – horas vivas
De dormir!” –
Toma-me
Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mĂŁo, respira meu sopro, deglute
Em cadĂŞncia minha escura agonia.Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nĂłs este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nĂłs a vida
A vida se derramando. CĂclica. Escorrendo.Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De pĂşrpura. De prata. De delicadeza.
lâmpada votiva
1. teve longa agonia a minha mĂŁe
teve longa agonia a minha mĂŁe:
seu ser tornou-se um puro sofrimento
e a sua voz apenas um lamento
sombrio e lancinante, mas ninguémpodia fazer nada, era novembro,
levou-a o sol da tarde quando a face
lhe serenou, foi como se acordasse
outra espessura dela em mim. relembrosombras e risos, coisas pequenas, nadas,
e horas graves da infância e idade adulta
que este silĂŞncio oculta e desoculta
nessas pobres feições desfiguradas.quanta canção perdida se procura,
quanta encontrada em lágrimas murmura.2. e não queria ser vista e foi envolta
e nĂŁo queria ser vista e foi envolta
num lençol branco em suas dobras leves,
pus junto dela algumas rosas breves
e a lembrança represa ficou soltae foi à desfilada. De repente,
a minha mãe já não estava morta:
era o vulto que Ă noite se recorta
na luz do corredor, se está doentealgum de nós, a mão que pousa e traz
algum sossego Ă fronte,
Romance
Para as Festas da Agonia
Vi-te chegar, como havia
Sonhado já que chegasses:
Vinha teu vulto tĂŁo belo
Em teu cavalo amarelo,
Anjo meu, que, se me amasses,
Em teu cavalo eu partira
Sem saudade, pena, ou ira;
Teu cavalo, que amarraras
Ao tronco de minha glĂłria
E pastava-me a memĂłria,
Feno de ouro, gramas raras.
Era tão cálido o peito
Angélico, onde meu leito
Me deixaste entĂŁo fazer,
Que pude esquecer a cor
Dos olhos da Vida e a dor
Que o Sono vinha trazer.
TĂŁo celeste foi a Festa,
TĂŁo fino o Anjo, e a Besta
Onde montei tĂŁo serena,
Que posso, Damas, dizer-vos
E a vĂłs, Senhores, tĂŁo servos
De outra Festa mais terrena —Não morri de mala sorte,
Morri de amor pela Morte.
SĂŞde de Amor
I
Vi-te uma vez e (novo
Extranho caso foi!)
Por entre tanto povo…
Tanta mulher… SuppõeQue mĂŁe estremecida
Via o seu filho andar
Sobre muralha erguida,
Onde o fizesse ir darAquelle remoinho,
Aquella inquietação
D’um pobre innocentinho
Ainda sem razĂŁo!E ora estendendo os braços…
Ora apertando as mĂŁos…
Vendo-lhe o gesto, os passos,
Quantos esforços vãos,O triste na cimalha
Faz por voltar atraz…
Sem vĂŞr como lhe valha!
A vĂŞr o que elle faz!Pallida, exhausta, muda,
Os olhos uns tições,
Com que, a tremer, lhe estuda
As mesmas pulsações…(Porque nĂŁo Ă© mais fundo
O mar no equador,
Nem Ă© todo este mundo
Maior do que esse amor!Mais vasto, largo e extenso
Todo esse céo tambem
Do que o amor immenso
D’um coração de mĂŁe!)Assim, n’essa agonia…
N’essa intima avidez…
É que entre os mais te eu ia
Seguindo d’essa vez!Porque te adoro!… a ponto,