Textos sobre Acordo de Arthur Schopenhauer

5 resultados
Textos de acordo de Arthur Schopenhauer. Leia este e outros textos de Arthur Schopenhauer em Poetris.

A Diferença Entre o Génio e a Inteligência Normal

A diferença entre o génio e a inteligência normal é, na verdade, apenas quantitativa, na medida em que é apenas uma diferença de grau: no entanto, as pessoas têm tendência para a considerar qualitativa, quando se observa como os homens normais, apesar da sua diversidade individual, pensam todos segundo certas linhas comuns, de modo que estão frequentemente em acordo unânime acerca de julgamentos que, na realidade, são falsos. Isto chega ao ponto de terem certas opiniões básicas que são mantidas em todas as eras e continuamente reiteradas, embora as grandes mentes de todas as eras tenham, aberta ou secretamente, oposto a essas opiniões.

A Actividade é Indispensável ao Homem

Desenvolver uma actividade, dedicar-se a algo ou simplesmente estudar são coisas necessárias à felicidade do ser humano. Ele deseja activar as suas forças e, de alguma maneira, sentir o êxito dessa actividade. (Talvez porque isso lhe seja uma garantia de que as suas necessidades podem ser supridas pelas suas próprias forças). Por esse motivo, durante as longas viagens de recreação, de quando em quando o homem se sente muito infeliz.
Esforçar-se e lutar com resistência constitui a necessidade mais essencial da natureza humana: a pausa, que seria plenamente auto-suficiente no prazer tranquilo, é impossível para o homem: superar obstáculos representa o prazer mais completo da sua existência; para ele, não há nada melhor. Esses obstáculos podem ser de natureza material, como no caso de agir e operar, ou de natureza espiritual, como no caso de estudar e pesquisar: a luta contra eles e a vitória sobre eles constituem o prazer supremo da existência humana. Se lhe falta a oportunidade para tal realização, o homem cria-a como pode: inconscientemente a sua natureza o impele ou a procurar conflitos, ou a tramar intrigas, ou ainda a cometer vigarices e outras maldades de acordo com as circunstâncias.

A Honra e a Vergonha

A raiz e a origem dos sentimentos de honra e vergonha, inerentes a todo o homem que não é totalmente corrompido, e o supremo valor atribuído ao primeiro reside no que vem a seguir. O homem, por si só, consegue muito pouco e é um Robinson abandonado: apenas em comunidade com os outros ele é e consegue muito. Ele dá-se conta de tal situação a partir do momento em que a sua consciência começa, de algum modo, a desenvolver-se, e logo que nasce nele a aspiração por ser considerado um membro útil da sociedade, portanto, alguém capaz de cooperar como homem pleno e, por conseguinte, tendo o direito de participar das vantagens da comunidade humana. Ele consegue-o realizando, em primeiro lugar, aquilo que se exige e espera em geral de cada um, depois, realizando aquilo que se exige e espera dele na posição especial que ocupa. Mas logo ele reconhece que, nesse caso, o importante não é o que ele representa na sua própria opinião, mas na opinião dos outros.
Por conseguinte, tal é a origem da sua aspiração zelosa pela opinião favorável de outrem, e assim também surge o valor supremo nela depositado. Esses dois elementos aparecem na espontaneidade de um sentimento inato,

Continue lendo…

A Falsa Glória

À glória que surge rapidamente, deve-se acrescentar também a falsa, ou melhor, a glória artificialmente produzida de uma obra, seja por louvor indevido, bons amigos, críticos corrompidos, indicações de superiores e acordos entre inferiores ou pela correctamente suposta incapacidade das massas de julgar. Assemelha-se às bóias, com as quais um corpo pesado consegue flutuar na água. Elas carregam-no por mais ou menos tempo, conforme estejam bem cheias e vedadas. No entanto, de qualquer modo o ar vai saindp a pouco a pouco e o corpo acaba por se afundar.

Indulgência com os Outros

Para sobreviver por este mundo afora, é conveniente levar consigo uma grande provisão de precaução e indulgência. Pela primeira seremos protegidos de danos e perdas, pela segunda, de disputas e querelas. Quem tem de viver entre os homens não deve condenar, de maneira incondicionada, individualidade alguma, nem mesmo a pior, a mais mesquinha ou a mais ridícula, pois ela foi definitivamente estabelecida e ofertada pela natureza. Deve-se, antes, tomá-la como algo imutável que, em virtude de um princípio eterno e metafísico, tem de ser como é. Quanto aos casos mais lamentáveis, deve-se pensar: «É preciso que haja também tais tipos no mundo.» Do contrário, comete-se uma injustiça e desafia-se o outro a uma guerra de vida ou morte, já que ninguém pode mudar a sua própria individualidade, isto é, o seu carácter moral, as suas faculdades de conhecimento, o seu temperamento, a sua fisionomia, etc. Ora, se condenarmos o outro em toda a sua essência, então nada lhe restará a não ser combater em nós um inimigo mortal, pois só lhe reconhecemos o direito de existir sob a condição de tornar-se uma pessoa diferente da que invariavelmente é.
Portanto, para vivermos entre os homens, temos de deixar cada um existir como é,

Continue lendo…