Para o Jornalista, Tudo o que é Provável é Verdade

«Para o jornalista, tudo o que Ă© provável Ă© verdade». Trata-se dum axioma estupendo, como tudo o que Balzac inventa. Reflectindo nele, nĂłs percebemos quantas falsidades se explicam e quantas arranhadelas na sensibilidade se resumem a fanfarronices e nĂŁo a conhecimento dos factos. Em geral, o pequeno jornalista Ă© um profeta da Imprensa no que toca a banalidades, e um imprudente no que se refere a coisas sĂ©rias. Quando Balzac refere que a crĂ­tica sĂł serve para fazer viver o crĂ­tico, isto estende-se a muitas outras tendĂŞncias do jornalista: o folhetinista, que Ă© o que Camilo fazia nas gazetas do Porto (…). Eu prĂłpria nĂŁo estou isenta duma soma de articulismos, de recursos Ă  blague, de graças adaptáveis, de frequentação do lado mau da imaginação, de ridĂ­culos, de fastidiosos conselhos, de discursos convencionais, de condenações fáceis, de birras imbecis, de poesia de barbeiro, de elegâncias chatas, de canibalismo vulgar, de panfletismo «bom cidadĂŁo». Quando nĂŁo sou nada disso, sou assunto para jornais, mas nĂŁo sou jornalista.