Assuntos Mortais e Assuntos Imortais

Com um pouco mais de deliberação na escolha dos seus objectivos, possivelmente todos os homens se tornariam em essĂȘncia estudiosos e observadores, porque a natureza e o destino de cada um interessam sem dĂșvida de igual maneira a todos. Ao acumular bens para nĂłs ou para os nossos descendentes, ao fundar uma famĂ­lia ou um estado, ou ainda ao alcançar a fama, somos mortais; mas ao lidarmos com a verdade somos imortais e nĂŁo precisamos de temer mudanças ou acidentes.
O mais antigo filĂłsofo egĂ­pcio ou hindu levantou uma ponta do vĂ©u que cobria a estĂĄtua da divindade; essa trĂ©mula tĂșnica ainda permanece levantada, e eu contemplo uma glĂłria tĂŁo fresca como a que contemplou o filĂłsofo, jĂĄ que era eu nele quem se mostrou tĂŁo audacioso naquela Ă©poca, e Ă© ele em mim quem agora volta a observar a visĂŁo. Nenhuma poeira se depositou sobre essa tĂșnica; tempo nenhum decorreu desde que tal divindade se viu revelada. O tempo que aproveitamos realmente, ou que Ă© aproveitĂĄvel, nĂŁo Ă© passado, nem presente, nem futuro.