Desaprender
Há uma altura em que, depois de se saber tudo, tem de se desaprender. Sucede assim com o escrever. Com o escrever do escritor, entenda-se. Eu, provavelmente poeta, estou a aprender a… desaprender. E para quĂŞ e como se desaprende? Para deixar de ronronar, para que o leitor, quando o nosso produto lhe chega Ă s mĂŁos, nĂŁo exclame, satisfeito ou enfastiado: «- Cá está ele!».
Na verdura dos seus anos, a preocupação do escritor parece ser a da originalidade. Ser-se original é mostrar-se que se é diferente. E as pessoas gostam das primeiras piruetas que um sujeito dá. E o sujeito gosta de que as pessoas vejam nele um talento.
Atenção, vêm aà as receitas, as ideias feitas, os passes de mão, os clichés, os lugares selectos ou, mais comezinhamente, os lugares comuns. O escritor está instalado. Revê-se na sua obra. Começa a abalançar-se a voos mais altos, a mergulhos mais fundos. É a intelectualidade que o chama ao seu seio, o público que o põe, vertical, nas suas prateleiras. Arrumado.
Quase sem dar por isso, o escritor acomodou-se e tornou-se cĂłmodo, quando propendia, nos seus verdes anos, a incomodar-se e a tornar-se incĂłmodo. Organiza «dossiers» com os recortes das crĂticas que lhe fizeram ao longo da sua carreira (nome,
Textos sobre Estátua de Alexandre O'Neill
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