A Evolução da Criatividade

A experiĆŖncia humana Ć© apenas ponto de partida, nĆŗcleo sólido e permanente onde assenta a experiĆŖncia posterior da criação. Considero a criação o encaminhamento, atĆ© Ć s consequĆŖncias extremas, de uma experiĆŖncia em si mesma nĆ£o organizada. A descoberta do mundo nĆ£o possui, por ela própria, finalidade ou coerĆŖncia, nem constitui a salvação desse mundo. Desde que seja possĆ­vel criar um corpo orgĆ¢nico em que a experiĆŖncia, devidamente articulada, se baste, surge uma harmonia entre o sujeito e a sua experiĆŖncia, quero dizer, o sujeito participa do cosmos. Este esforƧo da superação do caos exprime-se pela busca de uma linguagem. ƈ aliĆ”s na linguagem que a experiĆŖncia se vai tornando real. Se nela nĆ£o hĆ”, em sentido rigoroso, experiĆŖncia do mundo. A esta conclusĆ£o vem chegando uma moderna filosofia da arte. A formação da linguagem Ć© um paciente, extenso, doloroso e, muitas vezes, desesperante caminho. O erro aparece como uma constante, mas existe a possibilidade de ser sempre menor. Entre um grau mĆ”ximo e um grau mĆ­nimo de erro, situa-se a evolução. Progresso de linguagem, de adequação Ć s finalidades, superação da experiĆŖncia, purificação do tema – eis onde se pode situar o sentido da evolução.