Escolher a Felicidade
Nem paz nem felicidade se recebem dos outros nem aos outros se dĂŁo. Está-se aqui tĂŁo sozinho como no nascer e no morrer; como de um modo geral no viver, em que a Ăşnica companhia possĂvel Ă© a daquele Deus a um tempo imanente e transcendente e a dos que neles estĂŁo, a de seus santos. Felicidade ou paz nĂłs as construĂmos ou destruĂmos: aqui o nosso livre-arbĂtrio supera a fatalidade do mundo fĂsico e do mundo do proceder e toda a experiĂŞncia que vamos fazendo, negativa mesmo para todos, a podemos transformar em positiva. Para o fazermos, se exige pouco, mas um pouco que Ă© na realidade extremamente difĂcil e que nĂŁo atingiremos nunca por nossas prĂłprias forças: exige-se de nĂłs, primacialmente, a humildade; a gratidĂŁo pelo que vem, como a de um ginasta pelo seu aparelho de exercĂcio; a firmeza e a serenidade do capitĂŁo de navio em sua ponte, sabendo que o ata ao leme nĂŁo a vontade de um rei, como nos Descobrimentos, mas a vontade de um rei de reis, revelada num servidor de servidores; finalmente, o entregar-se como uma criança a quem sabe o caminho. De qualquer forma, no fundo de tudo, o que há Ă© um acto de decisĂŁo individual,
Textos sobre Santos de Agostinho da Silva
2 resultadosA Verdadeira Virtude
NĂŁo se pode pensar em virtude sem se pensar num estado e num impulso contrários aos de virtude e num persistente esforço da vontade. Para me desenhar um homem virtuoso tenho que dar relevo principal ao que nele Ă© voluntário; tenho de, talvez em esquema exagerado, lhe pĂ´r acima de tudo o que Ă© modelar e conter. Pela origem e pelo significado nĂŁo posso deixar de a ligar Ă s fortes resoluções e Ă coragem civil. E um contĂnuo querer e uma contĂnua vigilância, uma batalha perpĂ©tua dada aos elementos que, entendendo, classifiquei como maus; requer as nĂtidas visões e as almas destemidas.
Por isso não me prende o menino virtuoso; a bondade só é nele o estado natural; antes o quero bravio e combativo e com sua ponta de maldade; assim me dá a certeza de que o terei mais tarde, quando a vontade se afirmar e a reflexão distinguir os caminhos, com material a destruir na luta heróica e a energia suficiente para nela se empenhar. O que não chora, nem parte, nem esbraveja, nem resiste aos conselhos há-de formar depois nas massas submissas; muitas vezes me há-de parecer que a sua virtude consiste numa falta de habilidade para urdir o mal,