Obscuro DomĂnio
Amar-te assim desvelado
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lĂĄbios fendidos.Deslizar pela vertente
da garganta, ser mĂșsica
onde o silĂȘncio aflui
e se concentra.IrreprimĂvel queimadura
ou vertigem desdobrada
beijo a beijo,
brancura dilaceradaPenetrar na doçura da areia
ou do lume,
na luz queimada
da pupila mais azul,no oiro anoitecido
entre pétalas cerradas,
no alto e navegĂĄvel
golfo do desejo,onde o furor habita
crispado de agulhas,
onde faça sangrar
as tuas ĂĄguas nuas.
Poemas sobre Agulhas de Eugénio de Andrade
4 resultadosLabirinto ou Alguns Lugares de Amor
O outono
por assim dizer
pois era verĂŁo
forrado de agulhasa cal
rumorosa
do sol dos cardossem outras mĂŁos que lentas barcas
vai-se aproximando a ĂĄguaa nudez do vidro
a luz
a prumo dos mastrosos prados matinais
os pés
verdes quaseo brilho
das magnĂłlias
apertado nos dentesuma espécie de tumulto
as unhas
tĂŁo fatigadas dos dedoso bosque abre-se beijo a beijo
e Ă© branco
O Amor
Estou a amar-te como o frio
corta os lĂĄbios.A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerĂĄvelA marcar sobre os teus flancos
o itinerĂĄrio da espumaAssim Ă© o amor: mortal e navegĂĄvel.
Sobre o Caminho
Nada
nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila dos pĂĄssaros
te dirĂŁo a palavraNĂŁo interrogues nĂŁo perguntes
entre a razĂŁo e a turbulĂȘncia da neve
não hå diferençaNão colecciones dejectos o teu destino és tu
Despe-te
nĂŁo hĂĄ outro caminho