Poemas sobre Cabelos de Fernando Namora

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Poemas de cabelos de Fernando Namora. Leia este e outros poemas de Fernando Namora em Poetris.

Coisas, Pequenas Coisas

Fazer das coisas fracas um poema.

Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que nĂŁo sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti nĂŁo cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.

Pelicano

Onda que vais morrendo em nova onda,
mar que vais morrendo noutro mar,
assim a minha vida se desprenda e do meu sumo
escorra a vida para as bocas que se finam
de desejar.

Ă“ dia que vais escoando como os rios
e empalideces rostos e cabelos,
traze a palavra para a incerteza
dos que vagueiam Ă  deriva;
a bandeira amarela se rasgue
e dos farrapos se gere outra cor.

Ă“ dia correndo e findando,
some-te lá no cimo da fraga
mas deixa que no teu rasto fique o sangue
anunciando a esperança noutro dia.

Sê como a onda que morre para outra começar.

Todos os Caminhos me Servem

Todos os caminhos me servem.
Em todos serei o Ă©brio
cabeceando nas esquinas.
Uma rua deserta e o hálito
das pessoas que se escondem,
uma rua deserta e um rafeiro
por companheiro.

Ă“ mar que me sacode os cabelos
que mulher alguma beijou,
lágrimas que os meus olhos vertem
no suor dos lagares,
que uma onda vos misture
e vos leve a morrer
numa praia ignorada.