Poemas sobre Casas de MillĂ´r Fernandes

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Poeminha de Insatisfação Absoluta

O que me dĂłi
É que quando está tudo acabado
Pronto pronto
Não há nada acabado
Nem pronto pronto
Pintou-me a casa toda
Está tudo limpado
O armário fechado
A roupa arrumada
Tudo belo, perfeito.
E no mesmo instante
Em que aperfeiçoamos a perfeição
Uma lasca diminuta, ténue, microscópica,
NĂŁo sei onde,
Está começando
Na pintura da casa
E as traças, não sei onde,
EstĂŁo batendo asas
E a poeira, em geral, está caindo invisível,
E a ferrugem está comendo não sei quê
E não há jeito de parar.

Saudação aos que Vão Ficar

Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarĂŁo com saudade
deste antigo paĂ­s,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
RespeitarĂŁo os papais
cheios de mocidade?
Que diferença haverá
entre o avĂ´ e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarĂŁo entre si
os seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
– ante o lugar que vence –
de voar para lugar distante
na casa que nĂŁo lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juĂ­zo?
E o que será loucura? E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e oitenta?
Mas a Rússia (vá lá,

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