Saudação aos que Vão Ficar

Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarĂŁo com saudade
deste antigo paĂ­s,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
RespeitarĂŁo os papais
cheios de mocidade?
Que diferença haverá
entre o avĂ´ e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarĂŁo entre si
os seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
– ante o lugar que vence –
de voar para lugar distante
na casa que nĂŁo lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juĂ­zo?
E o que será loucura? E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e oitenta?
Mas a Rússia (vá lá,

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