Poemas sobre Contentamento de Luís de Camões

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Poemas de contentamento de Luís de Camões. Leia este e outros poemas de Luís de Camões em Poetris.

Quando me quer enganar

Quando me quer enganar
A minha bela perjura,
Pera mais me confirmar
O que quer certificar,
Pelos seus olhos mo jura.
Como meu contentamento
Todo se rege por eles,
Imagina o pensamento
Que se faz agravo a eles
NĂŁo crer tĂŁo grĂŁo juramento.

Porém, como em casos tais
Ando já visto e corrente,
Sem outros certos sinais,
Quanto me ela jura mais,
Tanto mais cuido que mente.
EntĂŁo, vendo-lhe ofender
Uns tais olhos como aqueles,
Deixo-me antes tudo crer,
SĂł pela nĂŁo constranger
A jurar falso por eles.

Verdes sĂŁo os campos

Verdes sĂŁo os campos,
De cor de limĂŁo:
Assim sĂŁo os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o VerĂŁo,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
NĂŁo no entendereis;
Isso que comeis
NĂŁo sĂŁo ervas, nĂŁo:
São graças dos olhos
Do meu coração.

Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tĂŁo mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, sĂł pera mim,
Anda o Mundo concertado.