RuĂnas
Cobrem plantas sem flor crestados muros;
Range a porta anciĂŁ; o chĂŁo de pedra
Gemer parece aos pés do inquieto vate.
RuĂna Ă© tudo: a casa, a escada, o horto,
SĂtios caros da infĂąncia.
Austera moça
Junto ao velho portĂŁo o vate aguarda;
Pendem-lhe as tranças soltas
Por sobre as roxas vestes.
Risos nĂŁo tem, e em seu magoado gesto
Transluz nĂŁo sei que dor oculta aos olhos;
â Dor que Ă face nĂŁo vem, â medrosa e casta,
Ăntima e funda; â e dos cerrados cĂlios
Se uma discreta muda
LĂĄgrima cai, nĂŁo murcha a flor do rosto;
Melancolia tĂĄcita e serena,
Que os ecos nĂŁo acorda em seus queixumes,
Respira aquele rosto. A mĂŁo lhe estende
O abatido poeta. Ei-los percorrem
Com tardo passo os relembrados sĂtios,
Ermos depois que a mĂŁo da fria morte
Tantas almas colhera. Desmaiavam,
Nos serros do poente,
As rosas do crepĂșsculo.
âQuem Ă©s? pergunta o vate; o sol que foge
No teu lĂąnguido olhar um raio deixa;
â Raio quebrado e frio; â o vento agita
TĂmido e frouxo as tuas longas tranças.
Poemas sobre CrepĂșsculo de Machado de Assis
1 resultado Poemas de crepĂșsculo de Machado de Assis. Leia este e outros poemas de Machado de Assis em Poetris.