Poemas sobre Desejos de João de Deus

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Anseio

Oh, quem me dera embalado
Nesse berço vaporoso,
Nuvens do céu azulado…
Onde os meus olhos repouso
Já de tanto olhar cansado!

De tanto olhar à procura
De um bem que o fosse deveras;
De uma paz, de uma ventura
Dessas venturas sinceras,
Se as pode haver sem mistura.

Mas há, sem dúvida: creio
Neste desejo entranhável!
Há-de haver um rosto, um seio
De amor e gozo inefável
Donde mesmo este amor veio!

Este amor que a vós me prende,
Nuvens do céu azulado!
E a vós, lâmpadas que acende
Depois do Sol apagado
Quem… de Quem tudo depende!

Não!

Tenho-te muito amor,
E amas-me muito, creio:
Mas ouve-me, receio
Tomar-te desgraçada:
O homem, minha amada,
Não perde nada, goza;
Mas a mulher é rosa…
Sim, a mulher é flor!

Ora e a flor, vê tu
No que ela se resume…
Faltando-lhe o perfume,
Que é a essência dela,
A mais viçosa e bela
Vê-a a gente e… basta.
Sê sempre, sempre, casta!
Terás quanto possuo!

Terás, enquanto a mim
Me alumiar teu rosto,
Uma alma toda gosto,
Enlevo, riso, encanto!
Depois terás meu pranto
Nas praias solitárias…
Ondas tumultuárias
De lágrimas sem fim!

À noite, que o pesar
Me arrebatar de cada,
Irei na campa rasa
Que resguardar teus ossos,
Ah! recordando os nossos
Tão venturosos dias,
Fazer-te as cinzas frias
Ainda palpitar!

Mil beijos, doce bem,
Darei no pó sagrado,
Em que se houver tornado
Teu corpo tão galante!
Com pena, minha amante,
De não ter a morte
Caído a mim em sorte…
Caído em mim também!

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