Desde Sempre em Mim
Contente. Contente do instante
Da ressurreição, das insônias heróicasContente da assombrada canção
Que no meu peito agora se entrelaça.
Sabes? O fogo iluminou a casa.
E sobre a claridade do capim
Um expandir-se de asa, um trinadoUma garganta aguda, vitoriosa.
Desde sempre em mim. Desde
Sempre estiveste. Nas arcadas do Tempo
Nas ermas biografias, neste adro solar
No meu mudo momento
Desde sempre, amor, redescoberto em mim.
Poemas sobre Amor
694 resultadosSeria o Amor PortuguĂŞs
Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhĂŁs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que me importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
— tanto pó sobre os móveis tua ausência.Se não és tu, que me pode importar?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam Ă porta,
a solidĂŁo Ă© uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa, por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silĂŞncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.
Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
«Que me importa que batam Ă porta…»
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo.Longas manhãs te esperei, perdi a conta.
Ainda bem que esperei longas manhĂŁs
e lhes perdi a conta, pois Ă© como se
no dia em que eu abrir a porta
do teu amor tudo seja novo,
Hino da ManhĂŁ
Tu, casta e alegre luz da madrugada,
Sobe, cresce no céo, pura e vibrante,
E enche de força o coração triumphante
Dos que ainda esperam, luz immaculada!Mas a mim pões-me tu tristeza immensa
No desolado coração. Mais quero
A noite negra, irmĂŁ do desespero,
A noite solitaria, immovel, densa,O vacuo mudo, onde astro nĂŁo palpita,
Nem ave canta, nem susurra o vento,
E adormece o proprio pensamento,
Do que a luz matinal… a luz bemdita!Porque a noite Ă© a imagem do NĂŁo-Ser,
Imagem do repouso inalteravel
E do esquecimento inviolavel,
Que anceia o mundo, farto de soffrer…Porque nas trevas sonda, fixo e absorto,
O nada universal o pensamento,
E despreza o viver e o seu tormento.
E olvida, como quem está já morto…E, interrogando intrepido o Destino,
Como reu o renega e o condemna,
E virando-se, fita em paz serena
O vacuo augusto, placido e divino…Porque a noite Ă© a imagem da Verdade,
Que está além das cousas transitorias.
Das paixões e das formas ilusorias,
Sextina
Tanto de amor se disse que nĂŁo sei
Como dizer que amor Ă© outra coisa
Que nem sĂł o teu corpo me fez rei
Nem tua alma sĂł me deu a rosa
Tanto se disse menos o dizer
Esta paixĂŁo que Ă© de todo o serE ao fim do ser ainda a outra coisa
Mais do que corpo e alma e ser nĂŁo ser
Como entre vida e morte e sexo e rosa
Um morrer e um nascer. Como dizer
Este reino em que sou o servo e o rei
Como dizer se tanto e ainda nĂŁo seiComo dizer este Elsenor sem rei
Se tanto disse menos o dizer
Esta paixĂŁo que sabe o que nĂŁo sei
Em Elsenor de ser e de nĂŁo ser
SenĂŁo que amor ainda Ă© outra coisa
Como entre o corpo e a morte o anjo e a rosaComo dizer do sexo a alma e a rosa
Se amor Ă© mais que ter e mais que ser
Um morrer ou nascer ou outra coisa
Entre a vida e a morte e um nĂŁo dizer
SenĂŁo que disse tanto e ainda nĂŁo sei
Como dizer de amor se servo ou reiSe disse tanto menos o dizer
Esta paixĂŁo da alma que nĂŁo sei
Se Ă© o sexo ou seu anjo ou sĂł o ser
Entre a vida e a morte o breve rei
Deste reino que fica Ă beira-rosa
Do teu corpo onde amor Ă© outra coisaComo dizer de amor ser e nĂŁo ser
Se amor mais do que amor Ă© outra coisa
Mais do que ser e ter mais que dizer
Um morrer e nascer entre anjo e rosa
Ou entre o corpo e a alma o servo e o rei
Como dizer se tanto e ainda nĂŁo sei
Tão Pouco Sentimento é a Emoção
tão pouco sentimento é a emoção, que quando
do chĂŁo a levantamos se fez leve
maneira de outras águasos camiões caminham para o norte
com serenos destroços
as maquinetas baças da invençãoserá verão, os panos levantados;
terás no espelho a idade, o jeito quase
infeliz de ser homem;o pouco amor te imita; e nunca
chegarás a saber que não existes.
Um CĂ©u e Nada Mais
Um céu e nada mais — que só um temos,
como neste sistema: sĂł um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul — como de tecto.
E o seu nĂşmero tal, que deslumbrados
neram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tĂŁo de ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levĂssimo toque de mistĂ©rio.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovĂŁo que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caĂdo.
Mas, de verdade: natural fenĂłmeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
implodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abĂłbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais — que nada temos,
que nĂŁo seja esta angĂşstia de
mortais (e a maldição da rima,
Meteu-me Amor em seu Trato
Meteu-me Amor em seu trato,
Pôs-me os seus gostos na praça,
Quanto quis me deu de graça.
Mas Ă© caro o seu barato.Amor, que quis que tivesse
Os males por seu querer,
Deu menos bem, que escolhesse,
Para que quando os perdesse
Tivesse mais que perder.
Depois que em minha esperança
Me viu contra o tempo ingrato
Viver livre da mudança
Por tão grande confiança
Meteu-me Amor em seu trato.Vi eu logo que convinha
Dar melhor conta do seu
Do que dei da vida minha:
Deixei perder quanto tinha
Por guardar o que me deu.
O desejo e o temor,
A fé, a vontade, a graça,
Tudo pus na mĂŁo de Amor.
Ele que Ă© mais mercador
Pôs-me seus gostos na praça.Entendeu que não sabia
A valia do interesse
Que eu dele entĂŁo pretendia:
Perguntou-me o que queria
Antes que nada me desse.
Eu, que nĂŁo soube o que fiz,
Quis um desprezo e negaça,
Quis uns desdéns senhoris,
E por ser graça o que quis.
a teia do olhar
as duas mĂŁos no rosto
descrevo-te o silêncio sob os lábios
juntos
agora celebrando as delicadas sedes
e rindo sobre a haste
onde a saliva tardao tacto Ă© uma arma onde o esplendor devora
os sinuosos dedos
e paira sobre o ardor
onde incendeio os pulsoso amor é uma dança
a demolir-me o peito
Aleluia
Era a mulher — a mulher nua e bela,
Sem a impostura inĂştil do vestido
Era a mulher, cantando ao meu ouvido,
Como se a luz se resumisse nela…
Mulher de seios duros e pequenos
Com uma flor a abrir em cada peito.
Era a mulher com bĂblicos acenos
E cada qual para os meus dedos feito.
Era o seu corpo — a sua carne toda.
Era o seu porte, o seu olhar, seus braços:
Luar de noite e manancial de boda,
Boca vermelha de sorrisos lassos.
Era a mulher — a fonte permitida
Por Deus, pelos Poetas, pelo mundo…
Era a mulher e o seu amor fecundo
Dando a nĂłs, homens, o direito Ă vida!
Prece do Natal
Menino Jesus
De novo nascido,
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!Vede que os humanos
Erros e cuidados
Nos sĂŁo tĂŁo pesados
Como há dois mil anos.A nossa ignorância
É um fardo que arde.
Como se faz tarde
Para a nossa ânsia!Nós somos da Terra,
Coisa fria e dura.
Olhai a amargura
Que esse olhar encerra.Colai o ouvido
Ă€ alma que sofre;
Abri esse cofre
Do sonho escondido.Pegai nessa mĂŁo
Que treme de medo;
Sondai o segredo
Da minha oração.Esta pobre gente
Que mal Ă© que fez?
NĂłs somos, talvez,
Um povo «inocente»…Menino Jesus
Que andais distraĂdo
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!A mais insofrida
De tantas misérias
– Não termos mais férias
Ao longo da vida –Trocai por amenas
ManhĂŁs sem cuidados,
SilĂŞncios banhados
De ideias serenas;Por cantos e flores
Risonhas imagens
Macias paisagens
Felizes amores!
A Canção da Vida
A vida Ă© louca
a vida Ă© uma sarabanda
Ă© um corrupio…
A vida múltipla dá-se as mãos como um bando
de raparigas em flor
e está cantando
em torno a ti:
Como eu sou bela
amor!
Entra em mim, como em uma tela
de Renoir
enquanto Ă© primavera,
enquanto o mundo
nĂŁo poluir
o azul do ar!
Não vás ficar
não vás ficar
aĂ…
como um salso chorando
na beira do rio…
(Como a vida Ă© bela! como a vida Ă© louca!)
A Jovem Cativa
(André Chenier)
— “Respeita a foice a espiga que desponta;
Sem receio ao lagar o tenro pâmpano
Bebe no estio as lágrimas da aurora;
Jovem e bela também sou; turvada
A hora presente de infortúnio e tédio
Seja embora: morrer nĂŁo quero ainda!De olhos secos o estĂłico abrace a morte;
Eu choro e espero; ao vendaval que ruge
Curvo e levanto a tĂmida cabeça.
Se há dias maus, também os há felizes!
Que mel nĂŁo deixa um travo de desgosto?
Que mar nĂŁo incha a um temporal desfeito?Tu, fecunda ilusĂŁo, vives comigo.
Pesa em vão sobre mim cárcere escuro,
Eu tenho, eu tenho as asas da esperança:
Escapa da prisĂŁo do algoz humano,
Nas campinas do céu, mais venturosa,
Mais viva canta e rompe a filomela.Deve acaso morrer ? TranqĂĽila durmo,
TranqĂĽila velo; e a fera do remorso
NĂŁo me perturba na vigĂlia ou sono;
Terno afago me ri nos olhos todos
Quando apareço, e as frontes abatidas
Quase reanima um desusado jĂşbilo.Desta bela jornada Ă© longe o termo.
O Amor, Meu Amor
Nosso amor Ă© impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além do tempo.Minhas pernas são água,
as tuas sĂŁo luz
e dĂŁo a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha prĂłpria espera.Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.E levito, voo de semente,
A um Retrato
Amo-te, flor! Se te amo, Deus que o sabe
Que o diga a teus irmĂŁos, que o CĂ©u povoam
E ébrios de glória cânticos entoam
A quem no mar, na Terra e CĂ©us nĂŁo cabe.Se te amo, flor! que o diga o mar que expele
Quanto Ă© domĂnio, e beija humilde a praia…
Se mal que a Lua lá das ondas saia
Nas rochas me nĂŁo vĂŞ gemer com ele!Amo-te, flor! Se te amo, o Sol que o diga:
Quando lá da montanha aos Céus se eleva,
Se entre os vermes do pĂł, que o vento leva,
Me banha a mim tambĂ©m na luz amiga.Se te amo, flor? Sem ti… que noite escura,
Meu céu, meu campo em flor, meu dia e tudo!
Diga-te a noite minha se te iludo,
Se em vida já sem ti sonhei ventura!O anjo que no berço humilde e escasso
Do CĂ©u me veio alumiar piedoso
E em lágrimas e riso, pranto e gozo,
Desde então me acompanha passo a passo;És tu! Amo-te e muito!
Elegia do Amor
Lembras-te, meu amor,
Das tardes outonais,
Em que Ăamos os dois,
Sozinhos, passear,
Para fora do povo
Alegre e dos casais,
Onde sĂł Deus pudesse
Ouvir-nos conversar?
Tu levavas, na mĂŁo,
Um lĂrio enamorado,
E davas-me o teu braço;
E eu, triste, meditava
Na vida, em Deus, em ti…
E, além, o sol doirado
Morria, conhecendo
A noite que deixava.
Harmonias astrais
Beijavam teus ouvidos;
Um crepĂşsculo terno
E doce diluĂa,
Na sombra, o teu perfil
E os montes doloridos…
Erravam, pelo Azul,
Canções do fim do dia.
Canções que, de tão longe,
O vento vagabundo
Trazia, na memĂłria…
Assim o que partiu
Em frágil caravela,
E andou por todo o mundo,
Traz, no seu coração,
A imagem do que viu.Olhavas para mim,
Ă€s vezes, distraĂda,
Como quem olha o mar,
Ă€ tarde, dos rochedos…
E eu ficava a sonhar,
Qual névoa adormecida,
Quando o vento também
Dorme nos arvoredos.
Olhavas para mim…
Meu corpo rude e bruto
Vibrava,
Violada
PossuĂram-te nas ervas,
Deitada ao comprido
Ou lĂvida a pĂ©:
Do estupro conservas
O sangue e o gemido
Na morte da fé.Chegaste a cavalo
Trémula de espanto:
Esperavas levá-lo
Com modos de amor:
O fátum, num canto,
Violento ceifou-te
O pĂşbis em flor:
Dou-te
O acalanto
Mas não há palavras
Para tal horror!Vem ainda em cĂłs, mulher,
Limpa as tuas lágrimas no meu lenço:
Nem pela dor sequer
Eu te pertenço.O cavalo fugiu,
Deixou-te em fogo a fralda:
Que malfeliz RoldĂŁo
Para tal Alda!
Ao frio, ao frio,
Tinta de ti é a água e sangue o chão.Ponta Delgada a arder
Do prĂłprio pejo, quis
Em verde converter
O incĂŞndio do teu pĂşbis.Mulher, nĂŁo me dĂŞs guerra,
Oh trágica enganada:
Tu Ă©s a minha terra
Na carne devastada
Como a Ilha queimada.
O que vos Nunca Cuidei a Dizer
O que vos nunca cuidei a dizer,
com gram coita, senhor, vo-lo direi,
porque me vejo já por vós morrer;
ca sabedes que nunca vos falei
de como me matava voss’amor;
ca sabe Deus bem que doutra senhor,
que eu nom havia, mi vos chamei.E tod[o] aquesto mi fez fazer
o mui gram medo que eu de vĂłs hei
e des i por vos dar a entender
que por outra morria — de que hei,
bem sabedes, mui pequeno pavor;
e des oimais, fremosa mia senhor,
se me matardes, bem vo-lo busquei.E creede que haverei prazer
de me matardes, pois eu certo sei
que esso pouco que hei de viver
que n?um prazer nunca veerei;
e porque sõo desto sabedor,
se mi quiserdes dar morte, senhor,
por gram mercee vo-lo [eu] terrei.
O Primeiro Filho
(Carta ao amigo Bernardo Pindela)
Entre tanta miséria e tantas coisas vis
Deste vil grĂŁo de areia,
Ainda tenho o condĂŁo de me sentir feliz
Com a ventura alheia.Ă€ minha noite triste, Ă noite tormentosa,
Onde busco a verdade,
Chegou com asas d’oiro a canção cor-de-rosa
Da tua felicidade.És pai, viste nascer um fragmento d’aurora
Da tua alma, de ti…
Oh, momento divino em que o sorriso chora,
E em que o pranto sorri!Que ventura radiante! oh que ventura infinda!
OlĂmpicos amores
Ter frutos em Abril com o vergel ainda
Carregado de flores!Deslumbramento!… ver num berço o teu futuro
Sorrindo ao teu presente!…
Ter a mulher e a mĂŁe: juntar o beijo puro
Com o beijo inocente!…Eu que vou, javali de flanco ensanguentado,
Pelos rudes caminhos
Ajoelho quando escuto Ă beira dum valado
Os murmĂşrios dos ninhos!Em tudo que alvorece há um sorriso d’esperança,
Candura imaculada!…
E quer seja na flor, quer seja na criança
Sente-se a madrugada.Quando,
Triste Padeço
Aves que o ar discorrei,
No vĂ´o as asas batendo,
E por vossas penas conta
Ă€s minhas meu sentimento.Compadecidas ouvi
De minha dor os excessos,
Mas em dizer que Ă© saudade,
Digo o que posso dizer-vos.
Triste padeço, e ausente
Os golpes dos meus receios
Nas batalhas da distância,
Nos desafios do tempo.Nas violĂŞncias, do que choro,
Dos alĂvios desespero,
Que nĂŁo adormece a queixa,
Quando a desperta o desvelo.Esmoreceu a esperança
Nas dilações do desejo
Prognosticando a ruĂna
Frenético o pensamento.Se meu mal são sintomas,
Mortais ausĂŞncias, e zelos,
Era o remédio esquecer-me,
Se em mim houvera esquecimento.Mas se faz no meu cuidado
Operações o veneno,
Viva de senti-lo quem,
Não morre de padecê-lo.Já que morro, ingrata sorte,
Ă€s mĂŁos da tua porfia,
Deixa-me inquirir um dia
A causa da minha morte:Se amor com impulso forte
Me rendeu, como me aparta
Do bem, que na alma retrata
Minha doce saudade,
NĂŁo Consentem os Deuses Mais que a Vida
NĂŁo consentem os deuses mais que a vida.
Tudo pois refusemos, que nos alce
A irrespiráveis pĂncaros,
Perenes sem ter flores.
SĂł de aceitar tenhamos a ciĂŞncia,
E, enquanto bate o sangue em nossas fontes,
Nem se engelha conosco
O mesmo amor, duremos,
Como vidros, Ă s luzes transparentes
E deixando escorrer a chuva triste,
SĂł mornos ao sol quente,
E refletindo um pouco.