De tudo ficou um pouco
Pois de tudo fica um pouco
Fica um pouco de teu queixo
No queixo de tua filha
De teu áspero silêncio
Um pouco ficou, um pouco
Nos muros zangados,
Nas folhas, mudas, que sobem
Passagens de Carlos Drummond de Andrade
1088 resultadosA dor atual é a maior de todas, e o prazer atual é menor que o anterior.
Atriz… Era uma pessoa e era um teatro.
A moda é passageira, como as pessoas, mas ressuscita, e elas não.
Amor não é completo se não se sabe coisas que só o amor pode inventar.
O carnaval recomenda-se como ressurreição da vida, sufocada no resto do ano.
A pobreza tem sobre a riqueza a vantagem de não estar sujeita às variações da Bolsa.
O esquecimento procura fabricar uma rede confortável para a insônia.
Todo velho é um moço que se recusa a envelhecer.
Sempre necessitamos ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos faz desambiciosos.
A virgindade é ao mesmo tempo obstáculo, desafio, doação.
A cozinha de um país é comparável à sua língua; há línguas que jamais falaremos.
DEZEMBRO Quem me acode à cabeça e ao coração neste fim de ano, entre alegria e dor? Que sonho, que mistério, que oração? Amor.
A alma cativa e obcecada
enrola-se infinitamente numa espiral de desejo
e melancolia.
Infinita, infinitamente
Com o bilhete de entrada no cinema, compramos um harém de mulheres maravilhosas, que à saída nos abandonam.
As nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas não entram em acordo sobre o que seja desenvolvimento.
A vaidade é o maior consolo para a inacessibilidade da glória.
Passado: caixa de guardados que não convém esvaziar completamente.
A inteligência transforma o erro em verdade, e ilude-se a si mesma.
O palhaço, crítico da sociedade, apóia-se no riso para não ser denunciado.