Poemas sobre Doces de Ant贸nio Gomes Leal

4 resultados
Poemas de doces de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Idylio d’Aldeia

N茫o sei que ha que me impelle
Para o teu escuro olhar!…
脡 mais branca a tua pelle,
Do que o linho de fiar!

脡 tua boca um bot茫o,
E o teu riso a lua nova; –
Quem me dera ter na cova
Os ais do teu cora莽茫o!

Mal podes saber o gosto
Que tive da vez primeira
Que te avistei, ao sol posto,
Debaixo d’esta amoreira!

Desde esse dia, andorinha!
Desde essa tarde infeliz,
Fiquei preso da covinha
Que fazes quando te ris!

N茫o sei que ha que me impelle
Para o teu escuro olhar!…
脡 mais branca a tua pelle
Do que o linho de fiar!

A minha alma n茫o descan莽a; –
Morra o sol, ou surja a aurora,
S贸 tu me lembras crean莽a
De cabellos c么r d’amora!

A tua doce ignorancia
T茫o cheia de singelesas…
Faz todas as almas presas
Como as perguntas da infancia!

Tu 茅s como um pomo d’ouro,
E o vivo sol que me alegras;
– Amo mais teu rir sonoro
Do que a voz das toutinegras!…

Continue lendo…

As Aldeias

Eu gosto das aldeias socegadas,
Com seu aspecto calmo e pastoril,
Erguidas nas collinas azuladas –
Mais frescas que as manh茫s finas d’Abril.

Levanta a alma 谩s cousas visionarias
A doce paz das suas eminencias,
E apraz-nos, pelas ruas solitarias,
Ver crescer as inuteis florescencias.

Pelas tardes das eiras – como eu gosto
Sentir a sua vida activa e s茫!
Vel-as na luz dolente do sol posto,
E nas suaves tintas da manh茫!

As crean莽as do campo, ao amoroso
Calor do dia, folgam seminuas;
E exala-se um sabor mysterioso
D’a agreste solid茫o das suas ruas!

Alegram as paysagens as crean莽as,
Mais cheias de murmurios do que um ninho,
E elevam-nos 谩s cousas simples, mansas,
Ao fundo, as brancas velas d’um moinho.

Pelas noutes d’estio ouvem-se os rallos
Zunirem suas notas sibilantes,
E mistura-se o uivar dos c茫es distantes
Com o canto metallico dos gallos…

Mysticismo Humano

A alma 茅 como a noute escura, immensa e azul,
Tem o vago, o sinistro, e os canticos do sul,
Como os cantos d’amor serenos das ceifeiras
Que cantam ao luar, 谩 noute pelas eiras…
脕s vezes vem a nevoa 谩 alma satisfeita,
E cae sombria, vaga, e meuda e desfeita…
E como a folha morta em lagos somnolentos
As nossas illus玫es v茫o-se nos desalentos!

Tem um poder immenso as Cousas na tristeza!
Homem! conheces tu o que 茅 a natureza?…
– 脡 tudo o que nos cerca – 茅 o azul, o escuro,
脡 o cypreste esguio, a planta, o cedro duro,
A folha, o tronco a flor, os ramos friorentos,
脡 a floresta espessa esguedelhada aos ventos;
N茫o entra o vicio aqui com beijos dissolutos,
Nem as lendas do mal, nem os choros dos lutos!…

– E os que viram passar serenos os seus dias…
E curvados se v茫o, 谩s longas ventanias,
Cheio o peito de sol, atravez das florestas,
脕 calma do meio dia… e dormiam as sestas,
Tranquillos sobre a eira, entre as hervas nas leivas…

Continue lendo…

Cantiga do Campo

Por que andas tu mal commigo?
脫 minha doce trigueira?
Quem me dera ser o trigo
Que, andando, pisas na eira!

Quando entre as mais raparigas
Vaes cantando entre as searas,
Eu choro ao ouvir-te as cantigas
Que cantas nas noutes claras!

Os que andam na descamisa
Gabam a violla tua,
Que, 谩s vezes, ou莽o na brisa
Pelos serenos da lua.

E fallam com tristes vozes
Do teu amor singular
脕quella casa onde cozes,
Com varanda para o mar.

Por isso nada me medra,
Ando curvado e sombrio!
Quem me dera ser a pedra
Em que tu lavas no rio!

E andar comtigo, 贸 meu pomo,
Exposto 谩s chuvas e aos soes!
E uma noute morrer como
Se morrem os rouxinoes!

Morrer chorando, n’um choro
Que mais as magoas consolla,
Levando s贸 o thesouro
Da nossa triste violla!

Por que andas tu mal commigo?
脫 minha doce trigueira?
Quem me dera ser o trigo
Que, andando, pisas na eira!