Natal
Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.Cega, a CiĂȘncia a inĂștil gleba lavra.
Louca, a FĂ© vive o sonho do seu culto.
Um novo Deus Ă© sĂł uma palavra.
NĂŁo procures nem creias: tudo Ă© oculto.
Poemas sobre FĂ© de Fernando Pessoa
2 resultadosOlhando o mar, sonho sem ter de quĂȘ
Olhando o mar, sonho sem ter de quĂȘ.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vĂȘ.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.As ĂĄrvores longĂnquas da floresta
Parecem, por longĂnquas, ‘star em festa.
Quanto acontece porque se nĂŁo vĂȘ!
Mas do que hĂĄ pouco ou nĂŁo hĂĄ o mesmo resta.Se tive amores? JĂĄ nĂŁo sei se os tive.
Quem ontem fui jĂĄ hoje em mim nĂŁo vive.
Bebe, que tudo Ă© lĂquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.Colhes rosas? Que colhes, se hĂŁo-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque nĂŁo colhĂȘ-las
Se te agrada e tudo Ă© deixar de o haver?