Poemas sobre Força de Guerra Junqueiro

2 resultados
Poemas de força de Guerra Junqueiro. Leia este e outros poemas de Guerra Junqueiro em Poetris.

Elegia

A alegria da vida, essa alegria d’oiro
A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai…
Melros alegres de bico loiro,
Ó melros negros, cantai, cantai!

Ando lívido, arrasto o pobre corpo exangue,
Que era feito da luz das claras madrugadas…
Rosas vermelhas da cor do sangue,
Rosas abri-vos às gargalhadas!

Limpidez virginal, graça d’Anacreonte,
Mimo, frescura, força, onde é que estais?… não sei!…
Ó águas vivas, águas do monte,
Ó águas puras, correi, correi!

Eu sinto-me prostrado em lânguido desmaio,
E a minha fronte verga exausta para o chão…
Cedros altivos, sem medo ao raio,
Cedros erguei-vos pela amplidão!

Génios

……………………………….
……………………………….
E disse-me: Poeta, ao longe no horizonte
Não vês quase a lamber a abóbada do céu
Brilhante e luminoso um túmido escarcéu?
Como alvacento leão, na rápida carreira
Vem sacudindo a juba… A natureza inteira
Cisma, contempla, escuta o cântico profundo
Em trágico silêncio. O Sol já moribundo
Resvala-lhe no dorso, iria-lho de chamas,
Como dum monstro enorme as fúlgidas escamas…
Rugindo enovelada em turbilhão insano,
A vaga colossal, rasoira do oceano,

Lá vem rolando grave, e deixa ao caminhar
Um campo atrás dum monte, um lago atrás dum
[mar!
Qual lúcida serpente agora ei-la decresce
Em curva indefinida;—alonga-se… parece
Que a terra há-de estoirar em brancos estilhaços
No círculo fatal dos seus enormes braços.
Como galope infrene! Ei-la que chega!… voa
Num ímpeto feroz, num salto de leoa
Aos rudes alcantis! e em hórrida tormenta
Na rígida tranqueira o vagalhão rebenta,
Bramindo pelo ar: trepa, vacila, nuta,
E exânime por fim, vencida nesta luta,
Sem voz, sem força, inerte, exausta, esfarrapada   .
Lá vai… aonde a leve a ríspida nortada.

Continue lendo…