Poemas sobre Grama

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Poemas de grama escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Noite Afora

A quem devo dizer que em tua carne
se sobreleva o tempo e o duradouro,
mancha de Ăłleo no azul, alaga e intensifica
o contratempo a que chamei amor?

A quem devo dizer dos meus perigos
quando, o corcel furioso, olhei ao longe
e nĂŁo vi mais limites que o oceano
nem mais convites que o das ondas frias?

Como antepor o corte nas montanhas
— Liberdade — ao dever que a si mesma impĂ”e a terra
de estender-se conforme o espaço havido?

MalĂ­cia do destino, ardil composto outrora…
Arde a grama da noite em que te vais embora,
e essa chama caminha, essa chama, essas vinhas,

essas uvas, cortadas noite afora.

ManhĂŁ de Sol com Azulejos

Tudo se veste da cor de teu vestido azul
Tudo — menos a dona do vestido:
meus olhos te passeiam nua
pela grama do campo de golfe

Uma curva e eis-nos diante de meu coração

Não amiga   não temas
meu coração;
é apenas um chapéu surrado
que humildemente estendo
para colher um pouco de tua alegria
de tua graça distraída
de teu dia

VerĂŁo

Eu te chamo tumulto
e virei sobre ti
ao fogo dos frutos
na hora em que a polpa da tarde
fende
e pelo campo escorrem farelos de ouro
Ă  luz azul da bruma.

Para ti alço
com a rigidez de um bico,
garras, cĂłrneas, penas descendo
em teu tremor,
instante todo de corpo a nĂŁo ser
mais que carcassa, maré, esvaimento.

E quando, inerte
— casca ou pele, gretado
o teu querer nĂŁo for mais que apetĂȘncia
ou saudade,
o sangue a escorrer ainda
escondendo os talos da grama mais pequena,
hĂĄ-de permanecer aos olhos que o nĂŁo vĂȘem
Ă­ntimo sinal de uniĂŁo
entre a fĂȘmea e o macho
— o que penetra
e quanto, deixando penetrar
inaugura.

ALÉM ALMA

(UMA GRAMA DEPOIS)

Meu coração lå de longe
faz sinal que quer voltar.
JĂĄ no peito trago em bronze:
NÃO TEM VAGA NEM LUGAR.
Pra que me serve um negĂłcio
que nĂŁo cessa de bater?
Mais parece um relĂłgio
que acaba de enlouquecer.
Pra que Ă© que eu quero quem chora,
se estou tĂŁo bem assim,
e o vazio que vai lĂĄ fora
cai macio dentro de mim?

Corpo

quantas cidades
te percorrem passo a passo
antes de entrar nos mil lares
que te aguardam
Ă© mesmo preciso usar sapatos
porque nĂŁo gastar na pedra
uma pele que se lixa longe do
tacto
dentro do ĂŽnibus os dias
viajam sentados
em meio a ombros colados
tĂșneis esgoto bichos
sorvetes coxas anĂșncios
uma criança um adulto
modelam a cidade
na areia
longe

perto do coração onde
uma cabeça gira o
mundo
correndo na grama a sombra
de quantos assistem sentados
enquanto das traves pende
o corpo de um de todos
enforcado
enquanto as orelhas ouvem
ouvem
e nĂŁo gritam
hĂĄ um fora dentro da gente
e fora da gente um dentro
demonstrativos pronomes
o tempo o mundo as pessoas
o olho