Lugar onde todos têm razão, melhor não ter nenhuma.
Passagens de Paulo Leminski
64 resultadosInverno É tudo o que sinto Viver É sucinto
Nada se leva. A não ser a vida levada que a gente leva.
Acordei bemol tudo estava sustenido sol fazia só não fazia sentido.
Aguento mas não garanto.
Amor, então também, acaba? Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima.
Para cada bicho de sete cabeças, tem sete sem nenhuma.
O destino quis que a gente se achasse, na mesma estrofe e na mesma classe, no mesmo verso e na mesma frase.
Aqui jaz um grande poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio, acredito, são suas obras completas.
Nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez.
O mundo não quer que eu me distraia. Distraído estou salvo.
Outubro no teto passos pássaros gotas de chuva
Soprando esse bambu só tiro o que lhe deu o vento
Salve-se quem quiser, perca-se quem puder!
Cuidado com o que não muda. Aqui fiquemos. Aqui acontecem coisas.
Poesia não se faz com palavrinhas, mas com palavrões
Vim pelo caminho difícil, a linha que nunca termina, a linha bate na pedra, a palavra quebra uma esquina, mínima linha vazia, a linha, uma vida inteira, palavra, palavra minha.
Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além
Um homem com uma dor é muito mais elegante, caminha assim de lado como se chegasse atrasado andasse mais adiante
ASAS E AZARES
Voar com a asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais foi que fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não doi.