Quem nos Ama nĂŁo Menos nos Limita
NĂŁo sĂł quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
NĂŁo menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despidoDe afetos, tenha a fria liberdade
Dos pĂncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,Homem, é igual aos deuses.
Poemas sobre Inveja de Ricardo Reis
3 resultadosVem Sentar-te Comigo, LĂdia, Ă Beira do Rio
Vem sentar-te comigo, LĂdia, Ă beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e nĂŁo fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.Desenlacemos as mĂŁos, porque nĂŁo vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nĂŁo gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dĂŁo movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quisĂ©ssemos, trocar beijos e abraços e carĂcias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento —
Este momento em que sossegadamente nĂŁo cremos em nada,
Prazer, mas Devagar
Prazer, Mas devagar,
LĂdia, que a sorte Ă queles nĂŁo Ă© grata
Que lhe das mĂŁos arrancam.
Furtivos retiremos do horto mundo
Os depredandos pomos.
NĂŁo despertemos, onde dorme, a ErĂnis
Que cada gozo trava.
Corno um regato, mudos passageiros,
Gozemos escondidos.
A sorte inveja, LĂdia. Emudeçamos.