Poemas sobre Mal de CecĂ­lia Meireles

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Ninguém me Venha Dar Vida

Ninguém me venha dar vida,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que nĂŁo tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferida,
que nĂŁo me quero curar,
que estou deixando de ser
e nĂŁo me quero encontrar,
que estou dentro de um navio
que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio,
porque está perto de mim
o dono verde do mar
que busquei desde o começo,
e estava apenas no fim.

Corações, por que chorais?
Preparai meu arremesso
para as algas e os corais.

Fim ditoso, hora feliz:
guardai meu amor sem preço,
que sĂł quis a quem nĂŁo quis.

Sem Corpo Nenhum

Sem corpo nenhum,
como te hei de amar?
— Minha alma, minha alma,
tu mesma escolheste
esse doce mal!

Sem palavra alguma,
como o hei de saber?
— Minha alma, minha alma,
tu mesma desejas
o que nĂŁo se vĂŞ!

Nenhuma esperança
me dás, nem te dou:
— Minha alma, minha alma,
eis toda a conquista
do mais longo amor!

Rimance

Onde Ă© que dĂłi na minha vida,
para que eu me sinta tĂŁo mal?
quem foi que me deixou ferida
de ferimento tĂŁo mortal?

Eu parei diante da paisagem:
e levava uma flor na mĂŁo.
Eu parei diante da paisagem
procurando um nome de imagem
para dar à minha canção.

Nunca existiu sonho tĂŁo puro
como o da minha timidez.
Nunca existiu sonho tĂŁo puro,
nem também destino tão duro
como o que para mim se fez.

Estou caĂ­da num vale aberto,
entre serras que nĂŁo tĂŞm fim.
Estou caĂ­da num vale aberto:
nunca ninguém passará perto,
nem terá notícias de mim.

Eu sinto que nĂŁo tarda a morte,
e só há por mim esta flor;
eu sinto que nĂŁo tarda a morte
e nĂŁo sei como Ă© que suporte
tanta solidĂŁo sem pavor.

E sofro mais ouvindo um rio
que ao longe canta pelo chĂŁo,
que deve ser lĂ­mpido e frio,
mas sem dó nem recordação,
como a voz cujo murmĂşrio
morrerá com o meu coração…

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