Poemas sobre Pena de Federico GarcĂ­a Lorca

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Poemas de pena de Federico GarcĂ­a Lorca. Leia este e outros poemas de Federico GarcĂ­a Lorca em Poetris.

E Eu te Beijava

E eu te beijava
sem me dar conta
de que nĂŁo te dizia:
Oh lábios de cereja!

Que grande romântica
eras!
Bebias vinagre Ă s escondidas
de tua avĂł.
Toda te enfeitaste como um
arbusto de primavera.
E eu estava enamorado
de outra. VĂŞ que pena?
De outra que escrevia
um nome sobre a areia.

Tradução de Oscar Mendes

Gazel da Lembrança de Amor

Tua lembrança não leves.
Deixa-a sozinha em meu peito,

tremor de alva cerejeira
no martĂ­rio de janeiro.

Dos que morreram separa-me
um muro de sonhos maus.

Dou pena de lĂ­rio fresco
para um coração de gesso.

A noite inteira, no horto,
meus olhos, como dois cĂŁes.

A noite inteira, correndo
os marmelos de veneno.

Algumas vezes o vento
uma tulipa Ă© de medo,

Ă© uma tulipa enferma
a madrugada de inverno.

Um muro de sonhos maus
me afasta dos que morreram.

A névoa cobre em silêncio
o vale gris de teu corpo.

Pelo arco do encontro
a cicuta está crescendo.

Mas deixa tua lembrança,
deixa-a sozinha em meu peito.

Tradução de Oscar Mendes

Este Ă© o PrĂłlogo

Deixaria neste livro
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que compaixĂŁo dos livros
que nos enchem as mĂŁos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!

Que tristeza tĂŁo funda
é mirar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!

Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em PĂ©gaso sem asas.

Ver a vida e a morte,
a sĂ­ntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.

Um livro de poemas
Ă© o outono morto:
os versos sĂŁo as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lĂŞ
Ă© o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distâncias. —

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza-mĂŁe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.

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Tenho Medo de Perder a Maravilha

Tenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua e aquele acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a solitária rosa.

Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
Ă© nĂŁo ter a flor, polpa, ou argila
para o gusano do meu sofrimento.

Se Ă©s o tesouro meu que oculto tenho
se Ă©s minha cruz e minha dor molhada,
se de teu senhorio sou o cĂŁo,

nĂŁo me deixes perder o que ganhei
e as águas decora de teu rio
com as folhas do meu outono esquivo.

Tradução de Oscar Mendes