NĂŁo Ă©s Bom, nem Ă©s Mau
NĂŁo Ă©s bom, nem Ă©s mau: Ă©s triste e humano…
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal padeces;
E rolando num vĂłrtice insano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
NĂŁo ficas com as virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demĂ´nio que ruge e um deus que chora.
Poemas sobre Pobres de Olavo Bilac
3 resultadosSurdina
No ar sossegado um sino canta,
Um sino canta no ar sombrio…
Pálida, VĂŞnus se levanta…
Que frio!Um sino canta. O campanário
Longe, entre nĂ©voas, aparece…
Sino, que cantas solitário,
Que quer dizer a tua prece?Que frio! embuçam-se as colinas;
Chora, correndo, a água do rio;
E o céu se cobre de neblinas.
Que frio!NinguĂ©m… A estrada, ampla e silente,
Sem caminhantes, adormece…
Sino, que cantas docemente,
Que quer dizer a tua prece?Que medo pânico me aperta
O coração triste e vazio!
Que esperas mais, alma deserta?
Que frio!Já tanto amei! já sofri tanto!
Olhos, por que inda estais molhados?
Por que Ă© que choro, a ouvir-te o canto,
Sino que dobras a finados?Trevas, caĂ! que o dia Ă© morto!
Morre também, sonho erradio!
A morte Ă© o Ăşltimo conforto…
Que frio!Pobres amores, sem destino,
Soltos ao vento, e dizimados!
Inda vos choro… E, como um sino,
Meu coração dobra a finados.E com que mágoa o sino canta,
Baladas Românticas – Negra…
Possas chorar, arrependida,
Vendo a saudade que aqui vai!
VĂŞ que inda, negro, da ferida
Aos borbotões o sangue cai…
Que a nossa histĂłria, assim relida,
O nosso amor, lembrado assim,
Possam fazer-te, comovida,
Inda uma vez pensar em mim!Minh’alma pobre e desvalida,
Ă“rfĂŁ de mĂŁe, ĂłrfĂŁ de pai,
Na escuridĂŁo vaga perdida,
De queda em queda e de ai em ai!
E ando a buscar-te. E a minha lida
NĂŁo tem descanso, nĂŁo tem fim:
Quanto mais longe andas fugida,
Mais te vejo eu perto de mim!Louco! e que lĂşgubre a descida
Para a loucura que me atrai!
– TerrĂveis páginas da vida,
Escuras páginas, – cantai!
Vim, ermitĂŁo, da minha ermida,
Morto, do meu sepulcro vim,
Erguer a lápida caĂda
Sobre a esperança que houve em mim!Revivo a mágoa já vivida
E as velhas lágrimas… a fim
De que chorando, arrependida,
Possas lembrar-te inda de mim!