Poemas sobre Pranto

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Poemas de pranto escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Retrato do Povo de Lisboa

É da torre mais alta do meu pranto
que eu canto este meu sangue este meu povo.
Dessa torre maior em que apenas sou grande
por me cantar de novo.

Cantar como quem despe a ganga da tristeza
e põe a nu a espádua da saudade
chama que nasce e cresce e morre acesa
em plena liberdade.

É da voz do meu povo uma criança
seminua nas docas de Lisboa
que eu ganho a minha voz
caldo verde sem esperança
laranja de humildade
amarga lança
até que a voz me doa.

Mas nunca se dĂłi sĂł quem a cantar magoa
dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria
apunhalada na garganta.
DĂłi-me o sangue vencido a nĂłdoa negra
punhada no meu canto.

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu nĂŁo vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tĂŁo tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando Ă  boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nĂłs dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu nĂŁo tenho a certeza
Se tu és a alegria
Ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu nĂŁo tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silĂŞncios que Ă  noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados nĂŁo adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

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Bate a Luz no Cimo…

Bate a luz no cimo
Da montanha, vĂŞ…
Sem querer eu cismo
Mas nĂŁo sei em quĂŞ….

NĂŁo sei que perdi
Ou que nĂŁo achei…
Vida que vivi,
Que mal eu a amei !…

Hoje quero tanto
Que o nĂŁo posso ter,
De manhã há o pranto
E ao anoitecer…

Tomara eu ter jeito
Para ser feliz…
Como o mundo Ă© estreito,
E o pouco que eu quis !

Vai morrendo a luz
No alto da montanha…
Como um rio a flux
A minha alma banha,

Mas nĂŁo me acarinha,
NĂŁo me acalma nada…
Pobre criancinha
Perdida na estrada !…

Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

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