Para Todo o Sempre
O Poeta morre,
mas nĂŁo cessa de escrever.Enquanto escreve,
vive
ressuscitando fugidias horas
mudadas em auroras…Uma pequenina flor,
pisada por quem passa,
Ă© agora
um milagre de cor,
uma negaça
de mil desejos…E os beijos
que nunca foram dados,
tornados tĂŁo reais…Aquela borboleta
arrasta
infindas primaveras
no seu voo fremente…– Uma palavra mais,
Poeta!
Uma palavra quente!
Uma palavra para todo o sempre!
Poemas sobre Primavera de SaĂșl Dias
3 resultadosO SilĂȘncio
Peço apenas o teu silĂȘncio,
como uma criança pede uma flor
ou um velho pedinte um bocado de pĂŁo.
Um silĂȘncio
onde a tua alma se embrulha, friorenta,
trémula, à aproximação das invernias.
Um silĂȘncio com ressonĂąncias de antigas primaveras,
de outonos descoloridos
e da chuva a cair no negrume da noite.– VĂĄ, motorista de tĂĄxi,
transporta-me
através das ruas da cidade inextricåvel,
vertiginosamente,
buzinando, buzinando,
abafando o ruĂdo de um outro silĂȘncio!
Nunca EnvelhecerĂĄs
A tua cabeleira
Ă© jĂĄ grisalha ou mesmo branca?
Para mim Ă© toda loira
e circundada de estrelas.
Sobre ela
o tempo nĂŁo poisou
o inverno dos anos
que se escoam maldosos
insinuando rugas, fios brancos…Ao teu corpo colou-se
o vestido de seda,
como segunda pele;
entre os seios pequenos
viceja perene
um raminho de cravos…PĂ©talas esguias
emolduram-te os dedos…
E revoadas de aves
traçam ao teu redor
volutas de primavera.Nunca envelhecerĂĄs na minha lembrança!…