PrĂ­ncipe

PrĂ­ncipe:
Era de noite quando eu bati Ă  tua porta
e na escuridĂŁo da tua casa tu vieste abrir
e nĂŁo me conheceste.
Era de noite
sĂŁo mil e umas
as noites em que bato Ă  tua porta
e tu vens abrir
e nĂŁo me reconheces
porque eu jamais bato Ă  tua porta.
Contudo
quando eu batia Ă  tua porta
e tu vieste abrir
os teus olhos de repente
viram-me
pela primeira vez
como sempre de cada vez Ă© a primeira
a derradeira
instância do momento de eu surgir
e tu veres-me.
Era de noite quando eu bati Ă  tua porta
e tu vieste abrir
e viste-me
como um náufrago sussurrando qualquer coisa
que ninguém compreendeu.
Mas era de noite
e por isso
tu soubeste que era eu
e vieste abrir-te
na escuridĂŁo da tua casa.
Ah era de noite
e de sĂşbito tudo era apenas
lábios pálpebras intumescências
cobrindo o corpo de flutuantes volteios
de palpitações trémulas adejando pelo rosto.
Beijava os teus olhos por dentro
beijava os teus olhos pensados
beijava-te pensando
e estendia a mĂŁo sobre o meu pensamento
corria para ti
minha praia jamais alcançada
impossibilidade desejada
de apenas poder pensar-te.

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