A EssĂȘncia nĂŁo se Perde

Com a firmeza de passos sem retorno,
carregar o que foi dentro de si,
sem chorar a partida, sem temer
deixar o que afinal vai bem marcado
com seu selo de coisa inesquecĂ­vel.
A essĂȘncia nĂŁo se perde, vai connosco
e extravasa dos dedos quando escrevem,
salta fora da boca quando fala,
transpira pela pele, sai dos ossos,
Ă© lançada dos mĂșsculos em arco
e circula no sangue das artérias.
Os pagos, as querĂȘncias nĂŁo se perdem,
se penetram nos ossos, moram neles,
nĂŁo como o minuano passageiro,
mas sim como a medula que sustenta
o circuito do corpo e o movimenta,
impedindo que pare, morra e penda
como trouxa de pano, como penca
tombada de seu pé, como o vazio,
a coisa sem recheio, a casca murcha,
o fruto despojado de si mesmo.