Poemas sobre Sede de Pedro Homem de Melo

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Poemas de sede de Pedro Homem de Melo. Leia este e outros poemas de Pedro Homem de Melo em Poetris.

Amizade

Ser-se amigo Ă© ser-se pai
( — Ou mais do que pai talvez…)
É pôr-se a boca onde cai
A nĂłdoa que nos desfez.

É dar sem receber nada,
Consciente da prisĂŁo,
Onde os nossos passos vĂŁo
Em linha por nĂłs traçada…

É saber que nos consome
A sede, e sentirmos bem
O Céu, por na Terra, alguém
Rir, cantar e nĂŁo ter fome.

É aceitar a mentira
E achá-la formosa e humana
SĂł porque a gente respira
O ar de quem nos engana.

Presságio

Ela há-de vir como um punhal silente
Cravar-se para sempre no meu peito.
Podem os deuses rir na hora presente
Que ela há-de vir como um punhal direito.
Cubram-me lutos, sordidez e chagas!
Também rubis das minhas mãos morenas!
Rasguem-se os véus do leito em que me afagas!
— A coroa de ferro Ă© cinza apenas…
E ela há-de vir a lepra que receio
E cuja sombra, aos poucos me consome.
Ela há-de vir, maior que a sede e a fome,
Ela há-de vir, a dor que ainda não veio.