Poemas sobre Bocas de Pedro Homem de Melo

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Poemas de bocas de Pedro Homem de Melo. Leia este e outros poemas de Pedro Homem de Melo em Poetris.

Amizade

Ser-se amigo Ă© ser-se pai
( — Ou mais do que pai talvez…)
É pôr-se a boca onde cai
A nĂłdoa que nos desfez.

É dar sem receber nada,
Consciente da prisĂŁo,
Onde os nossos passos vĂŁo
Em linha por nĂłs traçada…

É saber que nos consome
A sede, e sentirmos bem
O Céu, por na Terra, alguém
Rir, cantar e nĂŁo ter fome.

É aceitar a mentira
E achá-la formosa e humana
SĂł porque a gente respira
O ar de quem nos engana.

Juventude

Lembras-te, Carlos, quando, ao fim do dia,
Felizes, ambos, Ă­amos nadar
E em nossa boca a espuma persistia
Em dar ao Sol o nome do Luar?

Tudo era fácil, melodioso e longo.
Aqui e além, um súbito ditongo
Ecoava em nós certa canção pagã.

Contudo o azul do mar nĂŁo tinha fundo
E o mundo continuava a ser o mundo
Banhado pela aragem da manhĂŁ!…

Aleluia

Era a mulher — a mulher nua e bela,
Sem a impostura inĂştil do vestido
Era a mulher, cantando ao meu ouvido,
Como se a luz se resumisse nela…
Mulher de seios duros e pequenos
Com uma flor a abrir em cada peito.
Era a mulher com bĂ­blicos acenos
E cada qual para os meus dedos feito.
Era o seu corpo — a sua carne toda.
Era o seu porte, o seu olhar, seus braços:
Luar de noite e manancial de boda,
Boca vermelha de sorrisos lassos.
Era a mulher — a fonte permitida
Por Deus, pelos Poetas, pelo mundo…
Era a mulher e o seu amor fecundo
Dando a nĂłs, homens, o direito Ă  vida!